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Luigi Di Maio e Matteo Salvini, os “jovens'”vencedores da eleição na Itália

Dois políticos devem pleitear o direito de guiar o novo governo da Itália, e há algo mais em comum entre eles além de suas posturas antissistema: a juventude.

 

Matteo Salvini, secretário-federal da Liga Norte, tem 45 anos, e Luigi Di Maio, líder do Movimento 5 Estrelas (M5S), tem apenas 31 e pode se tornar o mais jovem premier da história do país, caso consiga formar uma coalizão.

Pupilo do fundador do M5S, Beppe Grillo, Di Maio era desconhecido da maior parte da população nas últimas eleições legislativas, em 2013, mas rapidamente se tornou um dos rostos mais famosos do movimento.

Nascido na periferia de Nápoles, o postulante a primeiro-ministro deu seus primeiros passos na política ainda na adolescência, se elegendo como representante de seu colégio – seu pai era dirigente local da Aliança Nacional, partido herdeiro do fascismo na Itália.

Di Maio iniciou a faculdade de engenharia e depois trocou para direito, mas não se formou em nenhuma das duas. Trabalhou como webmaster, garçom e na construção civil e se inscreveu no movimento político de Grillo em 2007, dois anos antes de sua fundação oficial.

Se candidatou a vereador em sua cidade, Pomigliano d'Arco, na região metropolitana de Nápoles, em 2010, mas não foi eleito. No mesmo ano, conheceria Grillo pessoalmente, durante uma visita do palhaço à cidade. Em 2013, com o M5S mais conhecido em todo o país, Di Maio disputou uma vaga na Câmara como segundo da lista do movimento em sua região e foi eleito.

Não se sabe exatamente quando nem por que Grillo decidiu apostar no jovem, mas desde o início da legislatura, em 2013, ele já se apresentava de maneira diferente de seus correligionários: sempre vestido com roupa social e cortês nos modos. Ainda assim, venceu uma eleição interna para representar o M5S em uma das vice-presidências da Câmara.

O cargo de relevo catapultou a carreira de Di Maio e o tornou conhecido no país. Aliado mais próximo da prefeita de Roma, Virginia Raggi, ele é tido como "moderado" dentro do movimento, levando-o aos poucos de uma posição abertamente contrária ao euro para uma postura pró-Europa. Em setembro passado, venceu as primárias do partido para candidato a primeiro-ministro e foi oficializado como seu principal expoente.

Se Di Maio teve um cargo de destaque para alavancar sua carreira rapidamente, Matteo Salvini percorreu um longo caminho na política, mas sempre na Liga Norte. Ele entrou para o partido em 1990, ainda com 17 anos, e em 1993 foi eleito vereador em Milão, sua cidade natal, cargo que exerceu até 2012.

Assim como Di Maio, não concluiu cursos universitários – no caso, ciências políticas e história – e, curiosamente, pertencia à ala esquerdista da Liga, partido que sempre defendeu a independência da Padania, planície situada no norte da Itália.

Salvini foi até fundador dos "Comunistas Padanos" e era secessionista convicto, mas, em meados dos anos 2000, passaria a flertar com a extrema direita, que estava em ascensão na União Europeia.

Eleito para o Parlamento Europeu em diversas ocasiões – é seu atual cargo -, Salvini usou Bruxelas como cavalo de batalha. Com um discurso contrário ao euro e à própria UE, ganhou popularidade e, em 2013, se elegeu secretário federal da Liga Norte, derrotando Umberto Bossi, fundador e líder histórico do partido.

No comando da Liga, Salvini se aliou à extrema direita europeia, promoveu uma cruzada contra a imigração clandestina e praticamente abandonou sua bandeira separatista. Além disso, passou a cortejar os eleitores do sul do país e a esconder a palavra "Norte" do nome da legenda.

A tática deu certo, e Salvini deve encerrar as eleições como líder da direita italiana.

 

 

 

 

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