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Ameaçada pelo terrorismo, governo italiano quer Romano Prodi como mediador na Líbia

O grupo Estado Islâmico, que decapitou 21 egípcios cristãos na Líbia, ameaçou a Itália divulgando a mensagem: “Estamos ao sul de Roma”. A Itália está em alerta, preocupada com as ameaças, mas não quer alarmar a população. A embaixada do país em Trípoli, que era a única da União Europeia ainda aberta, foi fechada. Cerca de 60 italianos já foram repatriados, entre eles o embaixador na Líbia.

Como primeira reação, o ministro das Relações Exteriores, Paolo Gentiloni, disse que a situação estava se deteriorando e que a Itália estava pronta a combater na Líbia dentro da legalidade internacional. Em seguida, a ministra da defesa, Robera Pinotti, declarou que a Itália está disposta a enviar pelo menos 5 mil soldados. Já o primeiro ministro, Matteo Renzi, voltou atrás, dizendo que espera uma solução diplomática.

O problema é que a diplomacia se baseia no diálogo e em negociações. No caso da Líbia, os interlocutores ainda não foram identificados. São mais de 200 milícias armadas. Com o Estado Islâmico, não há diálogo e muito menos negociação.

Uma das alternativas diplomáticas apontada na Itália seria a de nomear como mediador Romano Prodi. Ele foi primeiro-ministro italiano, ex-presidente da Comissão Européia e já foi enviado especial da ONU para o Sahel, uma faixa que cruza a África de leste a oeste como um cinturão de quase 6 mil quilômetros. No entanto, ele faz críticas severas sobre como as potências ocidentais, e principalmente a França, trataram do conflito da Líbia após a queda de Muammar Gaddafi, em 2011.

Prodi disse que, na guerra da Líbia, em 2011, junto com o desejo de restabelecer os direitos humanos existiam interesses econômicos. Segundo ele, as potências ocidentais erraram. Depois da queda de Gaddafi, era preciso reunir todos os interlocutores ao redor de uma mesa de negociações, mas, ao contrário, cada um pensou nos próprios interesses. O resultado foi desastroso e previsível.

Ele propõe que os interlocutores se reúnam, se confrontem, empenhando as diversas facções, as tribos, e também o Egito e a Argélia. Segundo Prodi, não existe outra alternativa que produza uma situação tão catastrófica como a atual.

Relação histórica

A Itália tem com a Líbia uma relação histórica e geográfica desde o antigo império romano. Depois de séculos de islamização, em 1911 recomeçou o domínio italiano. A Líbia foi colônia da Itália no período fascista e até hoje os interesses econômicos italianos no país são importantes: gás, petróleo, estradas, construções entre outros. Além disso, a Líbia está distante apenas 350 quilômetros da Itália. Um motivo a mais para se preocupar.

A consequência para os imigrantes clandestinos é a pior, pois a maioria parte da costa da Líbia. Com o avanço do Estado Islâmico, está aumentando o fluxo de desesperados. Nas últimas 48 horas, mais de duas mil pessoas foram socorridas viajando em barcos de borracha. São homens mulheres e crianças vindos de diversos países como Síria, Iraque e Etiópia. Os partidos de extrema-direita querem proibir a entrada deles na Itália, alegando o perigo do terrorismo. Mas os terroristas são organizados e não navegam em barcos de borracha.

 

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