Afastado da vida pública e com 80 anos completados recentemente, o ex-primeiro-ministro da Itália Silvio Berlusconi afirmou que até o momento não há ninguém que possa ser considerado seu herdeiro político.
Atualmente, existe uma disputa no campo conservador para saber quem ocupará o vazio político deixado pelo ex-premier. De um lado, o candidato derrotado a prefeito de Milão Stefano Parisi, do moderado Força Itália (FI), presidido por Berlusconi. Do outro, o secretário-geral da extremista Liga Norte, Matteo Salvini.
"Espero que exista [um herdeiro], mas até agora essa escolha não me foi apresentada. Apostei muito em alguém que depois passou para o outro lado. Outros personagens me decepcionaram", disse o ex-premier à rádio "RTL", em clara referência ao ministro do Interior Angelino Alfano, que era nome forte de seu partido, mas acabou desertando e fundando uma legenda própria, a Nova Centro-Direita (NCD), que integra o governo de Matteo Renzi.
"De verdadeiros líderes na política, agora tem apenas um, e se chama Matteo Renzi", completou Berlusconi. Apesar de estarem em lados opostos ideologicamente, o atual primeiro-ministro é comparado muitas vezes ao ex-chefe de governo, principalmente no estilo personalista de fazer política.
Com o FI perdendo espaço para a Liga Norte e para o populista Movimento 5 Estrelas (M5S), Berlusconi aposta em uma derrota de Renzi no referendo constitucional de 4 de dezembro para tentar recuperar sua influência. Se a reforma que reduz os poderes do Senado for rejeitada, o primeiro-ministro será pressionado a renunciar, o que pode fazê-lo incluir a legenda do ex-Cavaliere na base aliada para assegurar sua maioria parlamentar.
"Se o 'não' vencer, poderemos ter um governo que faça uma nova lei eleitoral e nos leve às urnas. Ou então um Executivo que faça uma reforma constitucional com coisas que não existem nessa", ressaltou Berlusconi. (Ansa)