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Ministro italiano Franco Frattini teme consequências com resistência do ditador Kadafi

O chanceler da Itália, Franco Frattini, declarou que teme "consequências desastrosas" caso o ditador da Líbia, Muammar Kadafi, não se entregue à Justiça internacional, diante da recente tomada de Trípoli pelos rebeldes líbios.

Em entrevista à imprensa italiana, o ministro das Relações Exteriores afirmou que não vê um risco de "uma longa guerra civil", mas mostrou preocupação com os mercenários pagos pelo ditador líbio para defender o regime.

"Os últimos mercenários de Kadafi esperam dos tetos das casas contra as pessoas que talvez estejam festejando na praça Verde de Trípoli. Uma situação que pode levar a consequências desastrosas se nas próximas horas Kadafi não comunicar sua decisão de se entregar, de resignar-se com a justiça".

Frattini observou que estes mercenários, vindos segundo ele do Chad, Mali e Nigéria, ainda agem, apesar do avanço dos insurgentes, por duas motivações: o desespero pela falta de dinheiro e o desejo de saqueios.

O ministro também enviou um recado aos rebeldes, atestando que não serão toleradas ações de vingança, represália, mortes em massa e desrespeito aos prisioneiros.

O premier italiano, Silvio Berlusconi, reforçou em seguida a preocupação de Frattini, pedindo a Kadafi que "coloque fim a qualquer resistência inútil e poupe, deste modo, ao seu povo mais sofrimento".

"Exortamos o Conselho Nacional Transitório a abster-se de qualquer vingança e enfrentar com coragem a transição à democracia com espírito de abertura nos confrontos de todos os componentes da população", declarou o presidente do Conselho de Ministros italiano.

Sobre as relações comerciais, o chanceler revelou que os técnicos da petrolífera italiana Eni têm feito reuniões nas últimas semanas e trabalhado com as autoridades do Conselho Nacional de Transição (CNT), órgão criado pelos rebeldes líbios, para reativar os poços e refinarias de petróleo da empresa no país.

"Nós imaginamos o futuro da Líbia já com as equipes para a reconstrução política, econômica, infra-estrutural, energética", disse.

Ele pontuou ainda que "o futuro está nas mãos dos líbios", mas que os italianos acreditam que o "caminho para a democracia traçada pelo presidente [do CNT, Mustafah] Abdeljalil, seja o justo".

Segundo Frattini, a Eni deverá ser a empresa "número 1" de petróleo na Líbia. Logo após a declaração, as ações da petrolífera subiram 5,86% na bolsa italiana, cotadas a 13,23 euros o papel.

As demais empresas italianas que operavam na Líbia antes da população local se levantar contra o governo poderão receber alguma compensação pelas perdas causadas pelo conflito, segundo anunciou hoje o ministro do Desenvolvimento Econômico, Paolo Romani.

Para ele, "as excelentes relações que mantivemos com o CNT garantem o futuro das relações econômicas com a nova Líbia".

Desde o início do ano, quando começou o conflito armado entre rebeldes e as forças leais a Kadafi, as trocas comerciais entre italianos e líbios foram afetadas.

Atualmente a Itália importa da Líbia 12,5% do que consome de gás e 23% de seu consumo de petróleo.

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