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Moradores da ilha italiana de Lampedusa protestam para solução da situação da entrada de imigrantes

Um grupo de moradores de Lampedusa realizaram uma manifestação nas ruas da cidade da ilha para reivindicar ao governo italiano por soluções para resolver a situação de emergência causada pelas ondas migratórias que tem chegado dos países do norte da África à ilha.

Os lampedusianos colocaram caixotes na frente da entrada militar do porto, bloqueando o trânsito. Alguns dos manifestantes sentaram nas vias com bandeiras de Lampedusa e como a Trinacria, símbolo da Sicília. Alguns invocam uma "greve geral".

"Nós somos o povo de Lampedusa" e "queremos nosso direito a nossa liberdade, pedimos apenas isso. Defendemos a nossa dignidade, estamos cansados", afirmava um dos manifestantes.

"Não queremos entrar em quarentena", gritava ainda um garoto na manifestação.

Um grupo de inspetores sanitários do governo chega hoje à ilha para analisar a situação higiênica do local, que, conforme reconheceu hoje o ministro italiano da Saúde, Ferruccio Fazio, é "dramática".

Segundo ele, não há risco de epidemias, "mas um problema higiênico-sanitário pode acontecer no futuro".

Um membro do instituto de migrantes deverá avaliar, por sua vez, as condições de atendimento psicológico e sanitário aos imigrantes que têm chegado à ilha. Também haverá um observador da Organização Mundial de Saúde (OMS).

Nas últimas 24 horas, 1.993 imigrantes ilegais desembarcaram na ilha do sul da Itália e um barco com cerca de 300 pessoas navegava em direção à ilha nas últimas horas. Nos últimos três dias, desembarcaram na ilha mais de 3.700 imigrantes do norte da África.

Segundo Fazio, em 13 de abril haverá uma conferência entre os ministros de Saúde de todos os países que são banhados pelo mar Mediterrâneo para discutir a situação de emergência sanitária dos imigrantes.

O presidente da Itália, Giorgio Napolitano, declarou hoje que há em seu país há "reações um pouco precipitadas em nível de opinião pública" que, segundo ele, não se deve endossar.

Para o chefe de Estado italiano, ocorre neste momento uma situação "particular" por causa da aceleração no processo de imigração à ilha, levando a um "choque do ponto de vista social e psicológico".

"Ao longo de vinte anos a cota mínima de imigrantes era de 7% da população", recordou ele.

Napolitano ressaltou que o motivo deste surto "é a procura desesperada por trabalho e vida decente", agravado pelo novo contexto mundial.

"Hoje há um cruzamento entre a Itália e a África que antes não havia", apontou ele, emendando que se antes a Itália era um ponto de partida de emigrantes, como no início do século XX, agora é um destino de imigrantes.

Ele deu destaque aos mecanismos de acolhimento de imigrantes e comparou à situação dos emigrantes italianos que desembarcavam na Austrália e "viviam um tempo duríssimo, mais duro do que o reservado hoje para os imigrantes que chegam na Europa e na Itália".

Por sua vez, o chanceler italiano, Franco Frattini, indicou que "devemos casar é a solidariedade com o respeito às leis" e elogiou Napolitano, que segundo ele falou, "como sempre, palavras de grande sabedoria".

Frattini também declarou à imprensa que a Itália deve ter "orgulho de se tornar um país que participa dos processos de transição democrática", mas apontou que os imigrantes provenientes da Tunísia não podem ser considerados como refugiados, pois segundo ele estes, "não escapam de uma guerra", diferente da Eritreia e da Somália, exemplificou.

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