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Morre o italiano Licio Gelli, que ficou famoso na Itália, como líder da loja maçônica P2

O italiano Licio Gelli, ex-mestre venerável da Loja Maçônica "Propaganda Dois" (P2), morreu na noite de terça-feira (15), aos 96 anos de idade, em sua mansão em Arezzo, na Toscana.

O ex-empresário, que ficou famoso justamente por sua participação na P2, morreu na Itália, em sua casa em que morava há anos.

Suas condições de saúde haviam piorado nos últimos dias, motivo pelo qual sua mulher, Gabriela Vasile, decidiu interná-lo em uma clínica de San Rossore.

Posteriormente, a família resolveu trazê-lo para casa para que estivesse ao lado dos parentes em seu estado terminal. Nascido na cidade de Pistoia em 21 de abril de 1919, Gelli ingressou na maçonaria em 1963 e, três anos mais tarde, envolveu-se com a P2, fundada no final de 1800 para permitir que personalidades públicas aderissem ao movimento maçônico de maneira reservada. A P2 foi dissolvida em 1975 e Gelli se tornou um dos principais nomes da organização, passando de secretário a "mestre" e fazendo os tentáculos da entidade se estenderem a áreas-chaves do poder italiano.

Em março de 1981, a Justiça de Milão descobriu uma lista de filiados à P2 que continha nomes de ministros, parlamentares, empresários, jornalistas, militares, chefes de serviço secreto, prefeitos, magistrados e o ex-premier Silvio Berlusconi. A Justiça também revelou que a P2 esteve envolvida de maneira direta ou indireta nos principais escândalos dos últimos 30 anos da história da Itália, desde o "crack" do Sindona até a quebra do Banco Ambrosiano, passando pelos casos de corrupção e crimes mafiosos, como os assassinatos do jornalista Mino Pecorelli e do banqueiro Roberto Calvi, da manipulação do inquérito sobre o sequestro do juiz Aldo Moro, ao massacre na estação de trem de Bolinha, entre outros. De acordo com investigações, a P2 conspirava publicamente para assumir o controle dos aparelhos do Estado italiano. Em sua vida, Gelli combateu ao lado do ditador espanhol Francisco Franco com os "camisas negras" e foi informante da Gestapo durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Na Itália, apoiou o fascismo.

Por anos, ele foi o centro de diversos processos judiciais, de relações ocultas com o poder, prisões e fugas, além de problemas com o fisco italiano. O primeiro mandado de prisão contra Gelli foi emitido em 1981 e ele foi detido no ano seguinte em Champ Dollon, na Suíça. Gelli conseguiu fugir em 1983, mas em 1987 se entregou e foi extraditado à Itália. Gelli, então, decidiu se afastar de tudo e se retirar em sua mansão de Arezzo em prisão domiciliar. Em uma de suas entrevistas recentes, o italiano relatou a influência que teve no regresso de Juan Domingo Perón à Argentina, depois do ex-presidente viver em exílio na Espanha. O ex-mestre venerável tem três filhos: Raffaello, Maurizio e Maria Rosa. Sua quarta filha, Maria Grazia, morreu em um acidente de carro.

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