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No berço da União Europeia, Matteo Renzi, Angela Merkel e François Hollande tentam relançar bloco

Mais de 70 anos depois de ter lançado ao mundo os ideais que serviram de base para o projeto europeu, a cidade italiana de Ventotene, situada em uma ilha homônima no mar Tirreno, abrigou nesta segunda-feira um encontro decisivo para o relançamento da União Europeia.   

Em uma reunião repleta de simbolismo, o primeiro-ministro da Itália, Matteo Renzi, recebeu a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, e o presidente da França, François Hollande, para discutir o futuro do bloco depois da saída do Reino Unido e em meio à pior crise migratória de sua história.   

O encontro aconteceu a bordo do porta-aviões Giuseppe Garibaldi, que participa ativamente das operações de resgate de imigrantes no mar Mediterrâneo, após os três líderes terem levado flores ao túmulo de Altiero Spinelli, o homem que, em 1941, na mesma Ventotene, lançou o manifesto "Por uma Europa livre e unida".   

Divulgado em plena Segunda Guerra Mundial, o texto pedia a união dos países europeus e serviu de referência para o processo de integração no continente. "Muitos pensaram que depois da 'Brexit' a UE acabaria. Não é assim. Temos vontade de escrever o futuro", declarou Renzi, em uma coletiva conjunta no porta-aviões.   

Mas o principal tema da conversa foi mesmo a imigração. O premier italiano disse que 102 mil solicitantes de refúgio já desembarcaram em seu país em 2016, uma pequena redução em relação aos 105 mil do mesmo período do ano passado. "Com Angela e François, acreditamos que é possível fazer mais como UE para bloquear as partidas e ajudar quem realmente necessita", acrescentou.   

Por sua vez, a chanceler alemã admitiu que é preciso mais cooperação europeia para lidar com a crise migratória – por muitos anos, Berlim se opôs fortemente a essa ideia. "A Alemanha mudou a própria posição", afirmou.   

Além disso, ela colocou panos quentes na crise com a Turquia por conta da reação do presidente Recep Tayyip Erdogan ao golpe fracassado do último mês de julho. "A Guarda Costeira sozinha não pode controlar as fronteiras marítimas. A cooperação com a Turquia sobre os imigrantes é necessária, do contrário não venceremos a luta contra os traficantes de seres humanos", disse Merkel.   

Já Hollande destacou que a Europa tem o direito de se defender, mas também a obrigação de proteger quem foge de perseguições em seus países de origem. "Cabe à Europa acolher quem foi forçado ao exílio, colocando a própria vida em risco", afirmou, agradecendo logo depois à tripulação do Garibaldi por seus resgates no Mediterrâneo.   

Depois, os três principais líderes da UE jantaram a bordo do porta-aviões, com um cardápio com direito a salmão e ervas aromáticas e mousse de abacaxi. (Ansa)

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