A Federação de Tunisianos por uma Cidadania das Duas Costas (FTRC), que defende o direito dos imigrantes da Tunísia, pediu o fechamento do centro de acolhida de imigrantes de Lampedusa (ilha ao sul da Itália) e a regularização de todos os imigrantes tunisianos.
A Associação, com sede em Paris, expressou grande preocupação com a situação dos 900 tunisianos que vivem na ilha de Lampedusa e denunciou o acordo de expulsão assinado por Roma e Túnis.
"Pedimos o fechamento do centro, a libertação e a regularização de todos os tunisianos detidos", afirmou a FTRC em um comunicado.
A FTRC denunciou também "o inquietante endurecimento na Itália da xenofobia na mídia e nas declarações de políticos". A organização alertou para "frases que encorajam o linchamento" e condenou a atitude da Europa de considerar os imigrantes somente um problema de segurança.
Em seu comunicado, a organização de defesa dos tunisianos elogiou os habitantes de Lampedusa, "que resistem ao ódio e dão provas de uma grande humanidade, enquanto seus próprios direitos são colocados em perigo pela política de militarização da ilha, ativada pelo governo italiano".
Enquanto isso, as autoridades tunisianas pedem à Itália que acolha em Lampedusa uma delegação do Comitê Superior dos Direitos do Homem e das Liberdades Superiores para avaliar a situação os tunisianos que se encontram no centro de acolhida da ilha.
Em entrevista à ANSA o comitê, órgão do governo tunisiano, afirma que acompanha com preocupação a situação de Lampedusa, e que "pede às autoridades italianas que acolham uma delegação para que o presidente e alguns membros possam saber qual é a situação dos cidadãos tunisianos".
Lampedusa é considerada a porta de entrada da Europa para imigrantes ilegais vindos da África. Para mudar esse quadro, o governo do premier Silvio Berlusconi vem adotando políticas de segurança que visam coibir a entrada de africanos irregulares na ilha.
Uma dessas medidas foi a transformação do centro de acolhida de imigrantes em Centro e Identificação e Expulsão (CIE), o que causou protestos de habitantes e autoridades locais.
Na última quarta-feira, a situação se agravou quando 24 pessoas ficaram feridas em confrontos entre polícia e imigrantes clandestinos que causaram um incêndio no CIE de Lampedusa.
O incêndio destruiu cerca de 60% do CIE, que atualmente acolhe 860 imigrantes clandestinos à espera de extradição.
Em 2008, quase 31.700 imigrantes desembarcaram em Lampedusa, o que significou um aumento de 75% em relação ao ano anterior, segundo o Ministério do Interior italiano.