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Organismos Geneticamente Modificados ameaçam alimentos artesanais italianos

O queijo parmesão e outros ingredientes italianos campeões de exportação deram amplitude internacional à questão dos organismos geneticamente modificados (OGM). Apesar de os transgênicos estarem proibidos na zona rural italiana, o gado do país é alimentado com soja geneticamente modificada importada de países como Brasil e Argentina.

Em 21 de maio deste ano, o senado italiano votou por unanimidade contra a permissão do uso de transgênicos no país. No dia 31 do mesmo mês, a Monsanto recuou a produção na Europa devido à falta de demanda. Produtos de origem italiana devem ser rotulados OGM caso atinjam 0,9% de organismos geneticamente modificados – regra que não se aplica a produtos derivados de animais alimentados com OGM.

Fabio Veronesi, presidente da Sociedade Italiana de Genética Agropecuária (SIGA), afirma que “Pensar que a Itália é um país livre de OGM é um engano. Nós não cultivamos transgênicos, mas usamos produtos derivados de plantas geneticamente modificadas”.

Para Veronesi, se o país parasse de importar soja transgênica para alimentação animal, não seria possível produzir produtos como o queijo parmesão, importante ingrediente de exportação e consumo interno.

Em contrapartida, membros do Greenpeace na Itália fazem campanha que defende a retirada da modificação genética do parmesão. O site da campanha afirma que alimentos não transgênicos estão “disponíveis em quantidade suficiente não só para a produção de queijo Parmigiano-Reggiano (parmesão), mas para todas as necessidades dos italianos”.

Em 2012, a Itália importou cerca de três milhões de toneladas de soja. Cerca de 85% eram OGM.  O economista de alimentação animal da Associação Nacional ASSALZOO, Giulio Usai, disse que a Itália enfrenta a falta de produção adequada de alimentos destinados a animais.

A União Europeia (UE) atribui várias certificações únicas para produtos produzidos em determinadas regiões. Alguns alimentos regionais devem ser produzidos em áreas específicas do país. A Itália é a nação que tem o maior número de certificados: um total de 254, seguido da França, com 197 e Espanha, com 162. O país lucra 15,7 bilhões de dólares ao ano com a venda destes produtos, 35% deste valor total é obtido através da exportação. Grande parte dos alimentos certificados é de origem animal, como queijos e presunto.

Giuseppe Politi, presidente da Associação de Agricultores italianos (CIA), disse que o bloqueio de OGM tornou-se “uma questão de uma vantagem competitiva que querem manter”. Politi afirma que o grupo tem interesse em defender o “’Made in Italy’. Para ele, o processo de OGM pode comprometer o sabor e a qualidade dos produtos, o que gera a necessidade de promover a produção de ração nacional.

Especialistas discutem que uma indústria livre de OGM na Itália exigiria menos dependência da soja, o que poderia contribuir para o uso de ingredientes substitutos produzidos na região como tremoço, alfafa, favas, ervilhas e outros legumes mediterrâneos.

Além de apoiar o crescimento da alimentação no mercado interno, a CIA apoia os esforços para desenvolver a agricultura brasileira longe de monocultura de alta densidade e para o modelo de pequena escala em fazendas italianas.

Um estudo de 2010 da Universidade de Nápoles mostrou que fragmentos de DNA modificado de ração de soja ingerida por cabras foram transferidos a seus filhos através do leite materno. A pesquisa também concluiu que os fragmentos estavam presentes em órgãos dos filhotes.

Outro fator apontado pelo estudo foi o aumento dos níveis de desidrogenase láctica (LDH) encontrados nas cabras alimentadas com produtos geneticamente modificados. LDH aumenta o metabolismo celular. O estudo não foi capaz de concluir definitivamente que a dieta GM é responsável pelo aumento da LDH e também não foram encontrados efeitos adversos à saúde.

Apesar disso, a pesquisa afirma que “as consequências a longo prazo da ingestão de alimentos desse tipo merecem ser consideradas”.  O estudo apontou resultados conflitantes sobre os efeitos dos alimentos geneticamente modificados na saúde.

As referências de estudo da pesquisa anterior, afirmaram que a maioria dos testes não demonstrou efeitos clínicos ou anormalidades em órgãos ou tecidos. No entanto, um estudo realizado em 2002 pela Universidade de Urbino concluiu um aumento semelhante no metabolismo celular entre ratos alimentados com OGM. O aumento do metabolismo pode ter contribuído para a formação de núcleos irregulares.

Uma pesquisa realizada em 2006 pelo Departamento de Ciência Animal e Inspeção de Alimentos na Universidade de Nápoles revelou que coelhos alimentados de soja GM tiveram o metabolismo celular de enzimas afetado, o que prova os efeitos negativos dos organismos geneticamente modificados. 

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