Catolicismo Romano

Papa Leão XIV faz 1º discurso de Natal à Cúria Romana e alerta sobre jogos de poder

O Papa Leão XIV alertou sobre os perigos das disputas de poder no clero, em um discurso de votos natalinos à Cúria Romana, o corpo administrativo que governa a Igreja Católica.

Em seu pronunciamento, o pontífice americano destacou que a comunhão ainda é um “desafio” para cardeais, bispos e padres e disse que “fantasmas de divisão” às vezes se agitam “por trás de uma aparente tranquilidade”.

“E estes fazem-nos cair na tentação de oscilar entre dois extremos opostos: uniformizar tudo sem valorizar as diferenças ou, ao contrário, exacerbar as diversidades e os pontos de vista em vez de procurar a comunhão”, afirmou o Papa.

Com isso, segundo Leão XIV, os membros do clero arriscam se tornar “vítimas da rigidez ou da ideologia, com as contraposições que daí advêm”, ao tratar de “temas ligados à fé, à liturgia e à moral católicas”.

Às vésperas de celebrar seu primeiro Natal como papa, Robert Prevost relatou o “desgosto” ao perceber que “certas dinâmicas relacionadas ao exercício do poder, ao desejo desenfreado de se destacar e à defesa dos próprios interesses não mudam facilmente”.

“E perguntamo-nos: é possível ter amigos na Cúria Romana? Ter relações de amigável fraternidade? No esforço quotidiano, é muito bom quando encontramos amigos em quem podemos confiar, quando caem máscaras e subterfúgios, quando as pessoas não são usadas nem ultrapassadas, quando nos ajudamos mutuamente, quando a cada um se reconhece o seu valor e a sua competência, evitando insatisfações e rancores”, ressaltou.

Durante o discurso, o pontífice também prestou homenagem ao finado papa Francisco, cuja “voz profética” encoraja a Igreja a ser “acolhedora com todos e atenta aos mais pobres”, embora o americano tenha usado um tom mais moderado ao cobrar a Cúria a se afastar das disputas de poder.

Em seus anos como pontífice, Jorge Bergoglio costumava utilizar a mensagem de Natal à Cúria para coibir conchavos palacianos na Santa Sé e, em 2014, chegou a acusar a burocracia católica de sofrer de “Alzheimer espiritual”.

Ao final de seu pronunciamento, o Papa presenteou seus colegas cardeais e demais funcionários da Cúria com o livro “A Prática da Presença de Deus”, de Irmão Lourenço da Ressurreição, pequeno volume que se concentra na experiência vivenciada e ensinada pelo frade carmelita no século 17.

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