
O Vaticano revelou que um dos papamóveis utilizados pelo papa Francisco será transformado em uma clínica de saúde móvel para atender crianças na Faixa de Gaza.
A iniciativa foi um dos últimos desejos do próprio Santo Padre, falecido no último dia 21 de abril, aos 88 anos, em decorrência de um AVC seguido de uma parada cardiocirculatória, após uma longa batalha contra uma pneumonia bilateral.
O veículo foi disponibilizado à Caritas Jerusalém, organização católica de assistência social, que conta com a ajuda da Caritas Suécia para organizar a ação.
Francisco pediu que o papável fosse operado por um motorista e profissionais da saúde. Lá dentro haverá equipamentos de diagnóstico, exames e tratamento, incluindo testes rápidos para infecções, kits de sutura, seringas e agulhas, suprimentos de oxigênio, vacinas e uma geladeira para medicamentos.
“Com o veículo, poderemos alcançar crianças que atualmente não têm acesso, em um momento em que o sistema de saúde em Gaza está quase completamente em colapso”, afirmou Peter Brune, secretário-geral da Caritas Suécia.
A expectativa é de que o papamóvel esteja pronto para fornecer cuidados de saúde básicos às crianças assim que o corredor humanitário para o enclave palestino for reaberto. “Não é apenas um veículo. É uma mensagem de que o mundo não se esqueceu das crianças em Gaza”, destacou Brune.
O papamóvel será o que Jorge Bergoglio utilizou em sua histórica viagem à Terra Santa em 2014, quase no início de seu pontificado. O veículo permaneceu em Belém como lembrança daquela visita, mas também como um símbolo de paz.
Agora, ele será equipado para levar ajuda aos palestinos de Gaza, para onde o Papa ligava todos os dias, mesmo quando sua saúde tornava tudo mais difícil.
“Este veículo representa o amor, o cuidado e a proximidade demonstrados por Sua Santidade pelos mais vulneráveis, que ele expressou durante toda a crise”, afirmou Sir Anton Asfar, secretário-geral da Caritas Jerusalém, que reiterou um forte apelo por “um cessar-fogo imediato e duradouro”.
Segundo o religioso, o “trabalho em Gaza é um testemunho do nosso compromisso inabalável com a saúde e o bem-estar da comunidade, mesmo nas condições mais difíceis”.
Desde o início do conflito iniciado em outubro de 2023, com o ataque do Hamas ao sul de Israel, Francisco condenou a guerra diversas vezes e ligava quase que diariamente para a Paróquia da Sagrada Família, em Gaza.
Recentemente, inclusive, Lucio Brunelli, ex-vaticanista da emissora italiana RAI e com quem Jorge Bergoglio mantinha uma relação direta desde os tempos de cardeal, revelou que o líder da Igreja Católica tinha o desejo de visitar Gaza e conhecer a pequena comunidade católica com a qual ele se comunicava quase diariamente desde o início da guerra entre Israel e Hamas.