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Pesquisador italiano Giulio Regeni foi torturado com pau e sofreu queimaduras, diz legista

O pesquisador italiano Giulio Regeni, estudante de doutorado da Universidade de Cambridge brutalmente assassinado no Cairo no início de 2016, foi torturado, espancado com pedaço de pau e sofreu queimaduras.

A informação foi revelada pelo consultor médico do Ministério Público no julgamento de Roma à revelia de quatro oficiais egípcios sobre o caso – o general de Segurança Nacional Tariq Sabir, os coronéis Athar Kamel Mohamed Ibrahim e Uhsam Helmi, e o major Magdi Ibrahim Abdelal Sharif.

De acordo com o legista Vittorio Finceschi, que realizou a autópsia no corpo de Regeni, o estudante sofreu várias formas de tortura no Cairo, como socos, chutes, queimaduras, espancamentos nas solas dos pés e algemas dolorosas nos pulsos e tornozelos.

Em 6 de fevereiro de 2016, o perito examinou o corpo do pesquisador, cujo cadáver mutilado e seminu foi encontrado jogado em uma vala na estrada do Cairo, em 3 de fevereiro do mesmo ano, nove dias após seu desaparecimento no metrô, em 25 de janeiro.

Segundo o relato, o corpo de Regeni apresentava grandes sinais de tortura extrema, como contusões e escoriações, devido a uma surra severa, hematomas extensos por chutes, socos e agressões com bastão.

Além disso, o pesquisador sofreu mais de duas dúzias de fraturas ósseas, entre elas sete costelas e todos os dedos das mãos e dos pés quebrados, bem como as pernas, braços e clavícula.

O corpo também tinha múltiplas facadas, incluindo nas solas dos pés, possivelmente causadas por um furador de gelo ou instrumento semelhante, numerosos cortes feitos com objetos pontiagudos, como uma navalha.

Por fim, Finceschi detalhou que constatou na autópsia que Regeni apresentava extensas queimaduras de cigarro, uma marca de queimadura maior entre a escápula feita com objeto duro e quente, uma hemorragia cerebral e uma vértebra cervical quebrada, que acabou causando sua morte.

Regeni, de Fiumicello, uma cidade perto de Udine, no nordeste da Itália, foi tão torturado que sua mãe, Paola Deffendi, disse que só conseguiu reconhecê-lo “pela ponta do nariz”, além de ressaltar que “todo o mal do mundo” foi visto no corpo de seu filho.

Os quatro agentes estão sendo julgados à revelia depois que, devido à falta de cooperação egípcia, eles não foram informados sobre o processo.

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