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POLÍTICA: Itália encalhada. Governo de Berlusconi poderá não chegar até março de 2011

A vida de Silvio Berlusconi no último ano tem tido de tudo, menos tranquilidade. Primeiro foram os escândalos sobre a sua vida privada que viriam a acabar com um casamento de 30 anos com Veronica Lario.

Ao mesmo tempo, os casos de corrupção bombardearam o governo liderado pelo Povo da Liberdade (PdL) e alguns dos ministros mais próximos de Il Cavaliere foram obrigados a se demitir. Nos últimos meses, a cisão entre o PDL e o grupo de deputados liderado por Gianfranco Fini pôs um ponto final à maioria absoluta que sustentava Berlusconi.

A estabilidade política – que o magnata tanto se gaba de ter dado a Itália – está no fio da navalha e os actores, mesmo dentro do seu campo político, entram na fase da dramatização, assumindo o cenário de eleições antecipadas: Umberto Bossi, líder da Liga Norte, ministro das Reformas e aliado circunstancial de Berlusconi, é um entusiasta desta possibilidade. Não admira: Bossi, que teve 8% nas eleições de 2008, pode chegar a 12% se os italianos forem chamados precocemente às urnas. "Teremos eleições na Primavera" garantiu ontem Bossi.

As afirmações surgem um dia depois de Fini ter formalizado a constituição do seu novo partido, o Futuro e Liberdade para Itália (FLI). "Não sabemos o que nos espera atrás da esquina, mas estaremos preparados", disse o homem que tem viajado da extrema-direita para o centro desde 1987 – data em que assumiu a liderança do Movimento Social Italiano (MSI). Fini não vê com maus olhos uma ida às urnas antes do fim da actual legislatura, em 2013. Mas, ao contrário de Bossi, não para já.

Berlusconi, aliado de Fini há mais de 15 anos, é quem tem mais a perder se os italianos forem chamados às urnas pela 63º vez desde 1945. Talvez por isso o primeiro-ministro tenha recalibrado o discurso depois de ameaçar bater com a porta, na semana passada. "Nunca falei de eleições porque seria um desastre, seria muito fácil formar um governo provisório", disse ontem Berlusconi numa conferência de imprensa surpresa. É ao presidente da República, Giorgio Napolitano, que compete convocar eleições e Berlusconi sabe que, caso viesse a demitir-se, o presidente com que não mantém boas relações poderia promover um governo técnico, evitando a dissolução do parlamento.

No meio de tudo, Itália, membro do G7 e terceira maior economia da zona euro, paga o preço de um governo que tem consumido boa parte da energia a poupar Berlusconi. Autoproclamado "melhor líder político da Europa", Berlusconi chegou ao poder com a promessa de reformar uma Itália esclerosada, recolocando-a na rota do crescimento e da competitividade. Mas o país ainda está longe de sentir o toque de Midas de um dos homens mais ricos do mundo.

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