
O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), buscou inspiração em Milão, polo financeiro da Itália, para tentar solucionar dois problemas crônicos da maior metrópole da América Latina: mobilidade urbana e gestão de lixo.
Em visita oficial ao “Belpaese” nesta semana, Nunes conheceu de perto as experiências da capital da Lombardia com veículos leves sobre trilhos (VLT) e unidades de recuperação energética (URE), que geram eletricidade a partir do tratamento térmico de resíduos que seriam destinados a aterros sanitários.
O objetivo do prefeito é construir duas linhas de VLT no centro de São Paulo e inaugurar pelo menos três “ecoparques” equipados com UREs para reaproveitamento do lixo urbano, que totaliza 18 mil toneladas por dia na cidade.
“São Paulo e Milão são cidades coirmãs, então tem essa troca de experiências. E Milão é a cidade mais significativa do mundo em duas questões: a forma como lida com o lixo, chegando ao patamar de não ter mais aterro e reciclar 63% do lixo [em São Paulo, são apenas 3,4%], e o VLT”, disse Nunes em entrevista à agência Ansa.
O veículo leve sobre trilhos, que remete aos antigos bondes que circularam em São Paulo até a década de 1960, é uma aposta da prefeitura para revitalizar o centro e melhorar o caótico trânsito paulistano. E Milão, com uma das maiores redes de VLT no mundo, com quase 160 quilômetros, pode servir como exemplo.
“Como eles estão muito avançados e já corrigiram o que deu errado, podemos aproveitar essa experiência de Milão”, declarou Nunes, que fez uma reunião de quase três horas com a ATM, companhia milanesa de transporte público. O prefeito prevê realizar a licitação do VLT paulistano via parceria público-privada (PPP) ainda neste ano, com investimento estimado em R$ 4 bilhões. “Já temos sete empresas interessadas”, assegurou.
Nunes também aproveitou a viagem para saber mais sobre as unidades de recuperação energética em Milão e fazer “ajustes técnicos” no projeto para São Paulo. O contrato para coleta e tratamento de resíduos na capital paulista foi renovado por 20 anos em 2024, com valor total de R$ 80 bilhões, dos quais R$ 12 bilhões serão destinados aos “ecoparques”, cada um com uma URE capaz de processar até mil toneladas por dia.
A primeira está prevista para ser entregue até dezembro de 2028, quando termina o segundo mandato de Nunes, que é cotado para concorrer ao governo do estado em 2026, caso Tarcísio de Freitas (Republicanos) se lance à Presidência.
“O que São Paulo não pode fazer é errar na forma, porque é um investimento muito alto”, afirmou o prefeito, que também se reuniu nesta quarta-feira (25) com o papa Leão XIV no Vaticano.
“Foi muito emocionante. Eu disse que o aguardamos em São Paulo, e ele respondeu: ‘Logo estarei em São Paulo'”, contou o prefeito, que presenteou Robert Prevost, fã de tênis, com uma raquete da jogadora brasileira Beatriz Haddad Maia, atual número 21 do mundo, e uma pintura em porcelana da metrópole.