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Renzi apresenta plano de reforma para Itália e desafia governo

O ex-primeiro-ministro da Itália Matteo Renzi, líder do partido minoritário na base aliada, o centrista Itália Viva (IV), apresentou um plano de reforma para utilizar a ajuda do fundo de recuperação da União Europeia para o pós-pandemia e provocou mais tensão no governo.

Renzi compareceu a uma entrevista coletiva no Senado para explicar que seu partido não concorda com 61 pontos das 103 páginas do plano traçado pelo governo liderado pelo primeiro-ministro italiano Giuseppe Conte e apresentou um texto batizado “CIAO” que inclui investimentos em cultura, infraestrutura, meio ambiente e o que ele chamou de “oportunidade”.

“O fio condutor é a palavra trabalho. Achamos que podemos criar milhares de empregos”, anunciou Renzi.

Segundo o ex-premiê italiano, o plano elaborado por Conte “carece de ambição, não tem alma”. “Vemos que não há uma única mão que escreve. É uma colagem às vezes remendada de peças de diferentes ministérios.

Dá para ver a mão burocrática de quem junta as peças”, disse. Durante sua apresentação, Renzi chegou a ser questionado se seu projeto era uma forma de romper os laços no Executivo e provocar uma nova crise, que poderia resultar até na realização de eleições gerais, mas o líder do IV enfatizou que só ele está pensando no bem da Itália.

Além disso, o político, que renunciou ao cargo de primeiro-ministro após o fracasso da reforma constitucional do Senado em 2017, afirmou que seu partido não tem intenção de permanecer no poder a todo custo.

“Se houver um acordo, tudo bem, mas se não houver acordo é claro que vão ficar sem nós e os ministros vão renunciar. Não estamos à procura de poltronas, mas de ideias”, acrescentou Renzi, avisando que apresentará suas propostas na próxima quarta-feira (30) ao restante do Executivo.

A declaração diz respeito às ministras do IV que compõe a equipe governamental – Teresa Bellanova (Agricultura) e Elena Bonetti (Família) – , além do vice-chanceler Ivan Scalfarotto.

No início do mês, o ex-premiê já havia ameaçado derrubar o governo de Conte se o atual primeiro-ministro não recuasse de seu projeto de confiar a gestão dos recursos do fundo de recuperação da União Europeia a uma força-tarefa.

A crise começou após Conte anunciar a intenção de montar uma força-tarefa de técnicos para gerir os repasses do fundo criado pela UE para resgatar a economia do bloco no pós-pandemia.

O pacote europeu totaliza 750 bilhões de euros, e a Itália será sua maior beneficiária em números absolutos, com 208,8 bilhões de euros.

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