Notícias

Silvio Berlusconi diz que não está preocupado com julgamento

O primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi, prometeu cumprir seu mandato até o fim, em 2013, dizendo não estar preocupado com a ordem de ir a julgamento por abuso de poder e por prostituição de uma garota menor de idade.

"Por amor ao país, não vou falar disso. Basta dizer que não estou nem um pouco preocupado", disse Berlusconi em sua primeira declaração pública desde que um juiz ordenou que ele vá a julgamento em abril pelo chamado "caso Ruby".

Berlusconi afirmou que prevê ampliar sua maioria parlamentar em pouco tempo e rejeita a hipótese de uma eleição antecipada, na esteira do escândalo. A coalizão de centro-direita está "tão coesa quanto nunca" e levará seu mandato até as eleições programadas para 2013, ele disse em coletiva de imprensa.

Mas os principais comentaristas da Itália afirmam que, em última análise, Berlusconi não vai conseguir frear a maré em direção à antecipação das eleições. "Objetivamente falando, Berlusconi está desgastado e ofegante", escreveu Massimo Franco, comentarista político do jornal Corriere della Sera.

Os assessore de Berlusconi criticaram a ordem de julgamento, qualificando-a de mais uma iniciativa calculada de magistrados de esquerda para destruir a carreira política do premiê.

Mas comentaristas disseram que a maré contra ele parece estar crescendo. A data do julgamento foi determinada dois dias depois de centenas de milhares de pessoas se manifestarem em todo o país, exigindo sua renúncia imediata.

JOGANDO NA DEFESA

"Berlusconi agora está em posição defensiva, e a ordem judicial infunde esperança eleitoral numa oposição que fareja uma oportunidade preciosa de derrotá-lo", disse Franco.

Outro comentarista, Stefano Folli, do diário econômico Il Sole 24 Ore, falou: "É evidente que o Legislativo acabou e que o Parlamento se encaminha para a paralisia."

O momento de qualquer eleição antecipada dependerá de quanto tempo a coalizão cada vez mais frágil de Berlusconi conseguirá se manter unida.

O escândalo sexual domina as atenções na Itália e, segundo comentaristas, prejudicou profundamente a imagem do país no exterior. Muito vai depender da posição da Liga do Norte, principal parceira de Berlusconi na oposição, e de seu líder volátil, Umberto Bossi.

Berlusconi se reuniu com líderes da coalizão na noite de terça, depois de anunciado seu indiciamento, e disse na coletiva de imprensa que Bossi lhe assegurou que a Liga continuará a seu lado.

Mas comentaristas avaliam que Bossi está apenas aguardando até reformas federalistas entrarem em vigor para apaziguar seu eleitorado do norte e então acabará com a coalizão, como fez em 1994, quando provocou a queda do primeiro governo de Berlusconi.

Os problemas políticos de Berlusconi agravaram uma situação já complicada por um racha na coalizão Povo da Liberdade no ano passado, que o deixou com margem estreita de controle do poder.

Em dezembro o governo sobreviveu por margem estreita a um voto de confiança no Parlamento. Desde então Berlusconi vem gradualmente aumentando seu apoio, conquistando deputados de partidos centristas menores e formações criadas a partir de rupturas.

A mídia italiana é dominada há semanas pelo alegado caso de prostituição, que envolve uma dançarina de boate marroquina chamada Karina el Mahroug, cujo nome artístico, Ruby, se tornou conhecido em todo o país.

Promotores dizem ter amplas provas de que Berlusconi pagou Ruby para fazer sexo com ela quando ela estava com menos de 18 anos – o que é um delito na Itália – e também telefonou a uma delegacia de polícia para pressionar por sua soltura depois de ela ser detida, acusada de furto.

Ruby nega ter feito sexo com Berlusconi, mas admite que recebeu pelo menos 7 mil euros (9,5 mil dólares) para participar de uma festa na luxuosa residência particular do premiê em Arcore, perto de Milão.

Berlusconi nega ter feito qualquer coisa ilegal no caso e diz que está sendo alvejado por juízes politicamente motivados, apoiados pela esquerda, que querem derrubá-lo.

Ele diz que nunca pagou por sexo e que, quando telefonou para a delegacia de polícia em Milão, foi por acreditar que Ruby fosse a neta do então presidente egípcio Hosni Mubarak e porque queria evitar um incidente diplomático.

Mostrar mais

Artigos relacionados

Fechar

Adblock detectado

Por favor, considere apoiar-nos, desativando o seu bloqueador de anúncios