
O Papa Leão XIV fez uma defesa dos excluídos e oprimidos em sua primeira “Urbi et Orbi” (“À cidade e ao mundo”), a tradicional bênção pronunciada pelos pontífices nos dias de Natal e Páscoa, na qual também percorreu as principais crises da atualidade, da Ucrânia à Faixa de Gaza.
Como manda a tradição, Robert Prevost apareceu na sacada da Basílica de São Pedro para uma multidão de 26 mil fiéis e, em meio a uma chuva fraca em Roma, destacou que todos têm “responsabilidade” na construção da paz.
“Se cada um de nós, a todos os níveis, em vez de acusar os outros, reconhecesse em primeiro lugar as próprias falhas, pedisse perdão a Deus e, ao mesmo tempo, se colocasse no lugar dos que sofrem, mostrando-se solidário com os mais fracos e oprimidos, então o mundo mudaria”, afirmou o Papa.
“Quem não ama não se salva, está perdido.
E quem não ama o irmão que vê, não pode amar o Deus que não vê”, acrescentou Leão XIV, ressaltando que, “sem um coração livre do pecado, não se pode ser homens e mulheres pacíficos e construtores de paz”.
“Cada um pode e deve fazer sua parte para rejeitar o ódio, a violência, a contraposição e para praticar o diálogo, a paz, a reconciliação”, salientou.
Em sua mensagem, o pontífice invocou “justiça, paz e estabilidade para o Líbano, a Palestina, Israel e a Síria” e pediu um “espírito comunitário e colaborativo em todo o continente europeu, fiel às suas raízes cristãs e à sua história, solidária e acolhedora com quem passa necessidade”.
“Rezemos de modo especial pelo povo ucraniano tão massacrado: que o barulho das armas acabe e que as partes envolvidas, apoiadas pelo empenho da comunidade internacional, encontrem a coragem de dialogar de modo sincero, direto e respeitoso”, disse.
O Papa ainda lamentou pelas vítimas “de todas as guerras em curso no mundo, especialmente as esquecidas”, citando os conflitos e crises humanitárias no Sudão, no Sudão do Sul, no Mali, em Burkina Fasso e na República Democrática do Congo.
Além disso, pediu orações pela “querida população do Haiti”, para que o país, “cessando toda a forma de violência, possa progredir no caminho da paz e da reconciliação”, e pelas lideranças políticas na América Latina, para que “deem espaço ao diálogo pelo bem comum e não a preconceitos ideológicos e de parte”.
Leão XIV também pediu reconciliação em Myanmar, palco de uma longa guerra civil, e entre Tailândia e Camboja, que entraram em conflito neste ano, reacendendo antigas disputas de fronteira, além de orações pelas populações do Sul asiático e da Oceania, “duramente provadas por recentes e devastadoras calamidades naturais”.
“Perante tais provações, convido todos a renovar com convicção o nosso empenho comum em socorrer quem sofre. Não nos deixemos vencer pela indiferença em relação a quem sofre, porque Deus não é indiferente às nossas misérias”, ressaltou.
Segundo o pontífice, Jesus Cristo identifica-se “com aqueles que não têm mais nada e perderam tudo, como os habitantes de Gaza; com quem sofre com a fome e a pobreza, como o povo do Iêmen; com aqueles que fogem da própria terra em busca de um futuro em outro lugar, como os muitos refugiados e migrantes que atravessam o Mediterrâneo ou o continente americano; com aqueles que são explorados, como muitos trabalhadores mal remunerados; com aqueles que estão na prisão e, muitas vezes, vivem em condições desumanas”.



