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Declarações de Papa Bento XVI sobre uso de preservativos repercutem na Europa

As declarações feitas pelo papa Bento XVI sobre o uso e a distribuição de preservativos tiveram ampla repercussão entre instituições e personalidades italianas, francesas, alemãs e britânicas.

 

– O Papa é Papa, portanto, não se pode contestar a sua afirmação. O problema é que (ele) faz demagogia e lança uma mensagem errada – opinou a presidente da associação italiana Soropositivos, Rosaria Iardino.

 

Segundo Iardino, "o preservativo é um instrumento cientificamente válido se usado corretamente", mas ela concorda que a educação sexual seria a maneira mais adequada para prevenir o contagio.

 

Na Alemanha, a ministra do Desenvolvimento, Heidemarie Wieczorek-Zeul, e a ministra da Saúde, Ulla Schmidt, explicaram que "os preservativos têm um papel decisivo, pois salvam vidas tanto na Europa quanto nos outros continentes".

 

"Na África Subsaariana, 22 milhões de homens são portadores da Aids. A cooperação para o desenvolvimento dos países do Terceiro Mundo deve colocar a disposição dos mais pobres os meios de planejamento familiar. E os preservativos fazem parte destes meios", ressaltaram as ministras alemãs.

 

Nesta quarta-feira, o jornal francês "Le Monde" publicou uma matéria com o título "Preservativo: Bento XVI é mais integralista que João Paulo II".

 

A primeira página da publicação trouxe uma charge do desenhista Plantu retratando Cristo e a "multiplicação dos preservativos", em referência à passagem da Bíblica em que há a multiplicação dos pães.

 

Na mesma imagem, o chargista desenhou o bispo Richard Williamson, polêmico por ter negado a existência do Holocausto, dizendo "a Aids nunca existiu".

 

O ex-primeiro-ministro francês, Alain Juppé, afirmou, por sua vez, que "este Papa começa a ser um verdadeiro problema, dado que ele vive em uma situação de total autismo".

 

Já o diretor-executivo do Fundo Mundial da Luta contra a Aids, a Tuberculose e a Malária, Michel Kazatchkine, pediu que o Papa "retire suas afirmações", definindo-as como "inaceitáveis".

 

Na Grã-Bretanha, a associação beneficente britânica Christian Aid afirmou que as palavras de Bento XVI "emitem uma mensagem que pode criar confusão em uma terra como a África, onde há países em que a Igreja Católica tem uma importante influência".

 

Representantes da ONG Oxfam também ressaltaram que "a distribuição de preservativos é crucial na luta contra a Aids e se quisermos evitar novos casos de infecção entre os jovens, devemos aumentar a difusão dos preservativos".

 

Na terça-feira, a bordo do avião que o levava para a África, o Pontífice afirmou que a Aids "é uma tragédia que não pode ser superada com o dinheiro e nem com a distribuição de preservativos, os quais podem aumentar os problemas", defendendo que a doença só pode ser curada com uma renovação moral no comportamento humano.

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