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Sindicatos e partidos da oposição na Itália criticam plano de austeridade

Sindicatos de trabalhadores, patronais e partidos da oposição criticaram neste domingo o plano de austeridade do Governo, que foi detalhado no sábado por três ministros e aprovado, todos ficaram com a percepção comum de que os mais afetados serão os pobres e a classe média.

O ministro da Economia italiano, Giulio Tremonti, concedeu entrevista coletiva ao lado dos ministros Roberto Calderoli, de Simplificação Normativa, e Maurizio Sacconi, do Trabalho e Políticas Sociais, para ilustrar os detalhes do decreto-lei aprovado na última sexta-feira pelo Conselho de Ministros.

O Governo italiano aprovou um novo plano de ajuste orçamentário de 45,5 bilhões de euros com o qual pretende alcançar o equilíbrio orçamentário até 2013 e assim acalmar os mercados sobre a situação que atravessam as finanças públicas do país.

A líder da Confederação Geral Italiana do Trabalho (CGIL, na sigla em italiano), Susanna Camusso, afirmou neste domingo em entrevista ao jornal "La Repubblica" que "mais uma vez os mais pobres são as vítimas, que são os que pagam os impostos" e criticou o ministro Sacconi "pode colocar em risco o contrato nacional".

A secretária-geral do CGIL anunciou uma greve geral contra as "medidas injustas" que será decidida no dia 23 de agosto com os sindicatos Confederação Italiana de Sindicatos de Trabalhadores (CISL) e a União Italiana do Trabalho (UIL).

Para o ex-magistrado da operação Mãos Limpas (investigação de grande envergadura na Itália com objetivo de esclarecer casos de corrupção durante a década de 90) e líder do partido Itália dos Valores (IDV), Antonio Di Pietro, o plano de austeridade é em parte positivo. Ele concorda com medidas como a redução das províncias, uma proposta de seu partido, embora defendesse a completa abolição, afirmou ao site do jornal "Il Tempo".

"O decreto é verdadeiramente deprimente e faltam intervenções para conter a evasão fiscal, sobre o que não se fala uma linha sequer", acrescentou.

"Está certo reduzir o salário dos deputados e dos senadores" – disse Di Pietro. Mas ele questiona: Mas e os (salários) dos vitalícios? Também questiona por que não se fez o corte do número de parlamentares.

O secretário nacional do Partido Democrático (PD), Pier Luigi Bersani, disse à TV privada italiana "A7" que o plano de ajuste econômico é "depressivo, pouco crível e injusto, por isso que deve ser alterado".

"Uma vez examinado o decreto-lei, nos dirigiremos às forças sociais e aos partidos de oposição para abrir um diálogo destinado a preparar uma proposta alternativa", afirmou.

Emma Marcegaglia, presidente do sindicato das indústrias italianas (Cofindustria) fez um chamado ao Governo e à oposição para "aproveitar a tramitação parlamentar (do decreto-lei) para recuperar o rigor e para fazer reformas no sistema previdenciário", publicou o jornal "Il Sole 24 Ore".

Para Marcegaglia, "não se trata de cortar subsídios dos aposentados, mas de proporcionar trabalho a quem mais vontade tem e está em condições de fazê-lo, dando perspectivas reais aos jovens, oportunidades de trabalho, futuro", para assim "evitar o risco de uma nova fuga de cérebros".

Seu antecessor no cargo e atual presidente da Ferrari, Luca Cordero di Montezemolo, lamentou que o decreto-lei não incluísse "um imposto sobre os patrimônios superiores aos 5 milhões euros ou 10 milhões de euros (ao ano), atingindo dessa maneira os que costumam fazer evasão fiscal".

Após criticar duramente o Governo e a oposição, Cordero di Montezemolo, disse em entrevista ao jornal "Il Corriere della Sera", que, embora o Governo precisasse fazer "urgentemente" o decreto-lei, este não "está à altura da situação de emergência do país porque não enfrenta os verdadeiros problemas estruturais"

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