O Ministro das Relações Exteriores da Itália, Franco Frattini, anunciou que vai retirar temporariamente seu embaixador no Brasil, Gherardo La Francesca, informou o jornal italiano "La Repubblica", um dos mais importantes do País.
A decisão ocorre após o Brasil anunciar que não extraditará o ex-ativista italiano Cesare Battisti, condenado em seu País por assassinato. O nome desta retirada, tecnicamente, é chamar o embaixador para consultas. Na escala diplomática, é uma das medidas mais drásticas que um País pode tomar em relação a outro. Embora os funcionários da embaixada continuem no Brasil, na prática as relações estão congeladas. A medida mais grave, que acaba com as relações entre dois países, é fechar a embaixada.
O primeiro-ministro italiano, Silivio Berlusconi, criticou o governo do presidente Lula por, segundo ele, dar asilo a um assassino: "Expresso minha profunda tristeza e pesar pela decisão tomada pelo presidente Lula ao negar a extradição deste assassino de tantas pessoas, Cesare Battisti, apesar dos repetidos apelos e pressões em todos os níveis do lado italiano. É uma opção contrária ao mais elementar sentido de justiça". Em mensagem às famílias das pessoas mortas por Battisti, Berlusconi disse que não vai desistir da extradição: "Expresso às famílias das vítimas a minha solidariedade, minha proximidade e o compromisso de continuar a batalha, para que Battisti seja entregue à Justiça italiana. Consideramos a questão longe de estar fechado. A Itália não vai desistir e vai fazer valer os seus direitos em todos os locais ".
Mais específico que Berlusconi, o ministro das Relações Exteriores da Itália disse que vai recorrer ao Supremo Tribunal Federal brasileiro. "Vamos usar, imediatamente, todas as medidas possíveis oferecidas pelo sistema jurídico no Brasil para obter o quanto antes uma nova decisão sobre Battisti", informou Frattini, para quem a decisão do governo brasileiro contradiz princípios fundamentais do direito e ofende os familiares e a memória das vítimas de Battisti. O governo italiano informou, inclusive, que vai procurar a presidente eleita, Dilma Rousseff.
O ministro da Defesa, Ignazio La Russa, por sua vez, foi bem menos diplomático que seus colegas de governo. Ele classificou a decisão brasileira como “gravemente ofensiva” e “injusta” e disse que o Brasil confirmou as piores previsões da Itália. Para o filho de uma das vítimas do grupo de Battisti, Alberto Torregiani, chegou a hora de a Itália abandonar uma atitude que ele classifica como branda demais em relação ao Brasil. “A partir de agora vamos usar mão de ferro”, pediu Torregiani.