Centenas de prefeitos italianos se dirigiram para Milão para protestarem contra o corte de prefeituras previsto no pacote de austeridade aprovada recentemente pelo governo contra a crise econômica.
A maior parte dos prefeitos que participam do protesto é de centro-esquerda, como Graziano Delrio, de Reggio Emilia, do Partido Comunista Italiano (PCI), Virginio Merola, de Bologna, do Partido Democrático (PD), e Giuliano Pisapia, de Milão.
Porém, há prefeitos de partidos de direita e centro-direita na manifestação, além da Associação Nacional dos Municípios Italianos (Anci, na sigla em italiano), presidida pelo deputado Osvaldo Napoli, do partido Povo da Liberdade (PDL), a mesma sigla de Berlusconi.
"Estamos aqui para colocar nossa voz e mostrar que a manobra ameaça os entes locais e os cidadãos", disse o prefeito de Varese, Attilio Fontana, presidente da Anci, de Lombardia e membro da Liga Norte.
Pisapia, que classificou o movimento dos prefeitos como um "sentimento de responsabilidade dos entes locais", defendeu que a proposta de corte dos "entes municipais deve ser completamente retirada".
"Não é mais possível para os entes municipais aceitar mais cortes e, sobretudo, deste modo e com este método", colocou, criticando que o governo não tenha consultado as prefeituras ou não ter levado em consideração as indicações dadas de propostas alternativas feitas pelas prefeituras.
O prefeito de Reggio Emilia declarou que as autoridades municipais não se reuniram em Milão "para protestar", mas para "fazer propostas para fazer crescer o país e reduzir o débito".
Segundo ele, as prefeituras já cortaram despesas, enquanto as da administração central apenas aumentaram.
"É preciso inverter o caminho. O dia de hoje é importante não para os prefeitos, mas para o país", concluiu.
O presidente da Anci, por sua vez, manifestou-se "otimista" sobre uma possível mudança de postura no corte de prefeituras após o encontro de hoje entre Berlusconi Bossi.
Em 12 de agosto, o Conselho de Ministros italiano aprovou um pacote de 45,5 bilhões de euros de cortes e redução de gastos para ser aplicado até 2013 para acabar com o déficit italiano, que hoje representa 120% do Produto Interno Bruto (PIB) do país.
Dentre as medidas para cumprir com essa meta, o governo central pretende extinguir de 1,5 mil a 2 mil prefeituras e cerca de 30 governos provinciais no país.