
A brasileira Jéssica Stapazzolo Custodio de Lima, de 33 anos, assassinada a facadas por seu ex-companheiro no norte da Itália, foi homenageada em Castelnuovo del Garda, na província de Verona.
A mais nova vítima de feminicídio na Itália foi lembrada em uma cerimônia em frente à prefeitura, liderada pelo prefeito Davide Sandrini.
As autoridades locais também corrigiram o nome da vítima: trata-se de Jéssica Stapazzolo Custodio de Lima, e não Strappazzollo, como divulgado anteriormente.
Enquanto isso, o ex-companheiro Douglas Reis Pedroso, de 41 anos, foi detido na penitenciária de Montorio di Verona após confessar o assassinato da brasileira. Seu advogado de defesa é Adrian Hila, membro da Ordem dos Advogados de Verona.
O crime ocorreu no apartamento da vítima, em Castelnuovo del Garda, às margens do Lago de Garda, entre domingo (26) e a noite de segunda-feira (27), com ela sendo atingida por um número excessivo de facadas, segundo o promotor Raffaele Tito.
Douglas Reis Pedroso já era conhecido da polícia e tinha uma condenação anterior por se recusar a realizar o teste do bafômetro. Segundo as autoridades, ele também era usuário de álcool e drogas e possuía diversos antecedentes criminais, incluindo maus-tratos e lesões corporais contra a vítima, cometidos entre agosto de 2024 e abril de 2025.
Durante uma investigação preliminar, em abril de 2025, Pedroso chegou a ser preso e alvo de medida cautelar após agredir Jéssica: jogou-a no chão, arrastou-a pelos cabelos no asfalto, desferiu três socos em seu rosto e a feriu repetidamente com a chave do carro.
Apesar do histórico de violência, o agressor estava sob monitoramento eletrônico, um dispositivo que — segundo as primeiras informações — não funcionou corretamente no momento do crime.
O novo caso de feminicídio chocou a Itália e provocou diversas reações, incluindo a da ex-deputada Renata Bueno, que expressou profunda preocupação e indignação.
A advogada italiana denunciou as falhas no sistema eletrônico de proteção às mulheres no país europeu — conhecido como “botão do pânico” —, que, segundo ela, “não funciona como deveria” e acaba desestimulando as denúncias e minando a confiança das vítimas nas medidas de segurança.
“Não existe rastreabilidade contínua; o alerta só é acionado quando o agressor se aproxima demais da vítima. Isso não é suficiente. Se um dispositivo de segurança não funciona, todo o sistema colapsa. É um fracasso que desestimula as mulheres a denunciarem, porque, se a proteção não é real, o medo continua sendo mais forte do que a esperança”, ressaltou.
Na mesma nota, Bueno sugeriu que “uma colaboração internacional entre Itália e Brasil poderia promover a troca de experiências, conhecimento e tecnologia”.
“Precisamos de um sistema integrado, realmente operacional, que dê confiança às mulheres e permita prevenir novas tragédias”, concluiu.



