A Igreja Católica se prepara para iniciar um processo de inclusão de cristãos homossexuais e divorciados, conforme consta em um documento apresentado que será a base para a 14ª Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, convocado pelo papa Francisco para os dias 4 a 25 de outubro para discutir o tema da "Vocação e Missão da Família na Igreja e no Mundo Contemporâneo".
O texto, chamado de "Instrumentum Laboris", foi preparado em reuniões ocorridas há oito meses, no Vaticano, e que geraram discussões acaloradas sobre a possibilidade da Igreja se abrir aos gays e divorciados, temas centrais para uma discussão sobre família na atualidade.
Segundo o documento, criado em cima do que foi aprovado pelos bispos em 2014, chegou-se a um acordo sobre a inclusão à Igreja de divorciados que se casaram novamente no civil, através de um "itinerário de reconciliação ou penitência", o qual ainda deve ser definido.
Na questão dos homossexuais, o texto diz que "seria desejável que os projetos pastorais diocesanos reservassem uma atenção especial e fornecessem um acompanhamento" a estes fiéis. "Mas é de todo inaceitável que os pastores da Igreja se submetam a pressões neste tema e que os organismos internacionais condicionem ajudas financeiras a países pobres à introdução de leis que instituem o 'matrimônio' entre pessoas do mesmo sexo", criticou o "Instrumentum Laboris".
Com isto, o documento se limitou a sugerir o "respeito à dignidade" de todas as pessoas, "independentemente da sua tendência sexual", e não abordou a questão do reconhecimento dos casais gays.
Outro tema citado no documento é a valorização da mulher nas atividades sacerdotais e pastorais. O texto defende a "inclusão das famílias, principalmente ad presença feminina, na formação sacerdotal". "A presença dos laicos e das famílias na realização dos seminários é vista como benéfica para que os candidatos ao sacerdócio compreendam o valor da comunuão entre as diversas vocações", ressalta o documento. As indicações presentes no "Instrumentum Laboris", no entanto, não devem se converter diretamente em prática dentro da Igreja Católica. Cada item contido no texto deve ser votado na Assembleia Geral e, para entrar em vigor, precisa do apoio da maioria de dois terços.