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Após os confrontos violentos, Governo Italiano avalia danos e faz reflexões

Está em curso em todo a Itália uma vasta operação da Polícia e dos Carabineiros, com incursões e inspeções nas áreas dos insurgentes anarquistas e do extremismo mais radical.

A operação conjunta entre as duas polícias – envolvendo centenas de agentes, que começou nesta madrugada e ainda está em andamento, se segue aos graves incidentes registrados em Roma no sábado (15) durante a manifestação dos "indignados".

O ministro do Interior, Roberto Maroni, vai anunciar no Senado uma proposta de "novas medidas legislativas, que permitam às forças de segurança prevenir com mais eficácia os atos violentos como os ocorridos no sábado. Foi o que Maroni disse à imprensa, admitindo que pela primeira vez concorda com Antonio Di Pietro (líder do opositor IDV, Itália dos Valores) sobre a necessidade de novas regras para prevenir a violência.

Enquanto isso, a web se mobiliza para caçar os supostos Black bloc. Na rede, os "indignados" pedem para identificar e prender os bandidos autores da violência no sábado (15). Na web também surge outra iniciativa: no blog 'Il Fazioso' (o tendencioso) surgiu no próprio sábado uma operação para 'desmascarar os violentos' e já são muitas as fotos publicadas, amadoras ou não, onde se vê os Black bloc atirando objetos, atacando policiais e em outros tipos de atos violentos.

Os autores do blog fizeram um apelo aos internautas, pedindo o envio de fotos onde é possível ver os supostos "indignados" praticando violência, para ajudar a polícia nas investigações. "Temos que denunciá-los", disseram no blog. 

Avaliação dos danos e reflexões políticas:

Como uma cidade ferida após um dia de guerrilha, Roma começa a avaliar os danos após a gigantesca marcha de sábado (15) dos "indignados", manifestação pacífica na qual não faltaram episódios de violência que deixaram 135 feridos: 30 jovens e 105 homens das forças de segurança.

Após a fúria – uma verdadeira rebelião, com confrontos, carros incendiados e barricadas – o domingo (16) foi para a Cidade Eterna como outro qualquer, com os turistas que reocuparam o centro histórico e as pessoas que saíram para passear. No entanto, todos os comentários apontavam para os acontecimentos do dia anterior, tanto pela dureza dos choques, como pelo seu significado político.

Dois dos jovens feridos tiveram alguns dedos amputados por causa da explosão de artefatos durante os protestos na capital com a marcha dos "indignados", a mais violenta de todas as manifestações contra o sistema que ocorreram em várias capitais do mundo.

"A mobilização poderia ter acabado em mortes", destacou Maroni, precisando que os "encapuzados" ou black bloc (o setor extremista dos manifestantes) "utilizaram a marcha para se proteger".

A verdade é que o governo de Silvio Berlusconi está sob pressão, visto que o próprio Maroni irá ao Parlamento amanhã (18) justamente para fornecer informações sobre os acontecimentos de sábado na capital.

Outras fontes indicaram que os "encapuzados" recorreram a uma estratégia paramilitar para se movimentar em segurança na gigantesca praça São João de Latrão, um "terreno" ideal para os choques com a polícia. Ao contrário do centro antigo, o de São João tem várias saídas, ideais como rotas de fuga, lembraram as fontes oficiais.

Os danos foram avaliados em aproximadamente US$ 1,6 milhão. "Estamos limpando muitas áreas da cidade. Houve problemas no transporte público e danos no asfalto das ruas, que alguns manifestantes arrancaram para usar como projéteis", destacou o prefeito da capital,Gianni Alemanno.

Giuseppe Roscioli, chefe de Confcommercio (que reúne os empresários), destacou por sua vez que "muitas lojas foram saqueadas e as vitrines quebradas, enquanto alguns turistas ficaram presos nos hotéis cercados por manifestantes".

Enquanto muitos analistas refletem sobre o nascimento de uma espécie de insurgência "internacional" dos 'indignados', os italianos se perguntam sobre o significado político dos acontecimentos de sábado (15), que lembram inclusive as grandes marchas de protestos de 1968, dos anos 70 ou da cúpula do G8, em julho de 2001 em Genova, onde um jovem italiano foi morto por um policial. 

Principalmente a oposição destacou que o Estado saiu muito mal parado da marcha, pois as forças de segurança não conseguiram neutralizar os black bloc, que em São João de Latrão se movimentaram com facilidade.

No entanto, muito além destas polêmicas, a própria oposição recordou o tema-chave das marchas "indignadas", ou seja, as distorções do sistema financeiro, o drama do desemprego e as economias estagnadas.

"De um jeito ou de outro, a Itália deve reassumir o destino do país para evitar acabar como a Grécia e para repudiar tanto os provocadores (como os vistos no sábado passado), como a especulação internacional", destacou Pier Luigi Bersani, líder do Partido Democrático (PD), a maior força opositora do país ao governo de Silvio Berlusconi.

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