
Uma brasileira tornou-se a mais recente vítima de feminicídio na Itália, após ser morta a facadas dentro de casa na cidade de Castelnuovo del Garda, perto de Verona, na região norte da Itália.
O responsável pelo crime é o companheiro da mulher, também brasileiro, que foi preso pelos carabineiros e confessou o assassinato.
Segundo comunicado divulgado pelo Ministério Público de Verona, a vítima foi identificada como Jéssica Stapazzolo Custodio de Lima, de 33 anos, enquanto seu cônjuge chama-se Douglas Reis Pedroso, de 41 anos.
Informações preliminares indicam que a mulher já havia denunciado episódios anteriores de violência doméstica e acionado a polícia em outras ocasiões.
Ela teria se mudado para o apartamento que o homem comprou há cerca de um ano e meio.
Fontes próximas ao caso relataram ainda que Jéssica havia perdido a guarda de um filho de um relacionamento anterior devido à situação de violência no lar.
A polícia foi acionada por amigos da brasileira, que não tinham notícias dela desde sábado (25) passado e ficaram preocupados quando ela não atendeu ligações nem respondeu mensagens. O corpo da vítima foi encontrado em sua casa nesta manhã, com múltiplas facadas.
Investigadores locais assumiram o caso e trabalham para esclarecer as circunstâncias do crime, enquanto o legista deve determinar a data e a hora exatas da morte.
O Ministério Público de Verona revelou que a prisão foi realizada por agentes da Companhia Peschiera del Garda após o homem ter ligado para os carabineiros por volta da meia-noite, manifestando intenção de tirar a própria vida.
Diante do alerta, a polícia iniciou uma investigação e conseguiu localizar o suspeito. Ele não estava em casa quando o corpo foi descoberto.
Durante o interrogatório, Reis Pedroso confessou o crime cometido com “um número ainda indeterminado de facadas”. A faca supostamente utilizada no homicídio foi encontrada dentro do carro do acusado, segundo as autoridades italianas.
De acordo com o MP de Verona, o brasileiro já é conhecido da polícia pois tem uma condenação anterior por se recusar a se submeter a um teste de bafômetro. Segundo as autoridades, citando exames anteriores, ele parece ser um usuário excessivo de álcool e drogas.
Reis Pedroso já responde a processos criminais por inúmeras acusações, incluindo maus-tratos e lesão corporal intencional contra sua companheira, cometidas pelo menos de agosto de 2024 a abril de 2025.
Ele também foi acusado de agressão sexual cometida em dezembro de 2024 contra a irmã de sua companheira, além de resistir e ameaçar os policiais que intervieram. Na ocasião, foi solicitada a prisão preventiva dele.
Em abril de 2025, Reis Pedroso foi detido durante uma investigação preliminar e alvo de uma medida cautelar por ter cometido um outro ato de violência contra Jéssica: ele a jogou no chão, a arrastou pelos cabelos pelo asfalto, deu-lhe três socos no rosto e, em seguida, a atingiu repetidamente com a chave do carro.
O novo crime soma-se a uma série de casos que têm evidenciado a gravidade da violência de gênero na Itália. O país vive um aumento nos registros de feminicídios, o que tem impulsionado o debate sobre medidas mais rígidas de prevenção e punição.
Em julho deste ano, o Senado italiano aprovou por unanimidade um projeto de lei que cria o crime específico de feminicídio no código penal do país.
O texto prevê prisão perpétua para quem causar a morte de uma mulher “por atos de discriminação ou ódio contra a vítima por ser mulher, ou com o objetivo de reprimir o exercício de seus direitos, liberdades ou personalidade”.
A proposta também endurece as regras para benefícios prisionais de condenados por feminicídio e estabelece novas obrigações de programas educativos e campanhas de conscientização para combater a violência de gênero. O projeto de lei foi encaminhado para aprovação final na Câmara dos Deputados.



