
Residente em Veneza, o escritor e jornalista Diogo Mainardi lança “Meus Mortos: Um Autorretrato” (Editora Record), obra em que atravessa o luto pela perda dos pais e do irmão durante a pandemia de covid-19. O livro adota o formato de fotonovela, com narrativa em quadrinhos feita com fotografias, e combina ironia, melancolia e erudição.
Aos 63 anos, Mainardi é conhecido por sua atuação como colunista da revista Veja, cofundador do site O Antagonista e integrante do programa “Manhattan Connection”. Menos explorada, sua faceta literária inclui títulos como “Malthus” (1989), vencedor do Prêmio Jabuti, e “A Queda” (2012), relato elogiado sobre o nascimento de seu filho Tito, acometido de paralisia cerebral.
Em “Meus Mortos”, Mainardi percorre as ruas de Veneza acompanhado de seu cachorro, guiado pela obra do pintor italiano Ticiano, a quem considera “o maior pintor de todos os tempos”. Reproduzindo as telas do mestre renascentista a partir do acervo digital Wikimedia Commons, ele traça paralelos entre o esplendor artístico do século 16 e o desencanto da sociedade contemporânea.
O livro também se detém na forma como Ticiano representava o erotismo: não como provocação, mas como parte essencial das narrativas visuais que desafiavam os dogmas religiosos da época. As pinturas encomendadas por figuras como o imperador Felipe II revelam, segundo Mainardi, a ousadia estética e espiritual do pintor veneziano.



