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Futebol italiano ameaça entrar em greve

Os capitães das 20 equipes da Série A (1ª divisão) advertiram em um comunicado que não começarão a Liga italiana em 27 de agosto se os clubes não firmarem o novo contrato coletivo de trabalho.

"Sem a assinatura, não será possível iniciar o novo campeonato", afirma o comunicado, que, entre outros, foi assinado por Alex Del Piero (Juventus), Francesco Totti (Roma), Gennaro Gattuso (Milan) e Javier Zanetti (Inter). 

O comunicado que a Associação Italiana de Futebolistas (AIC) liderada por Damiano Tommasi entregou ontem (7) à ANSA descreve como "desconcertante, surpreendente e inaceitável" o fato de que a Itália "seja o único país de futebol evoluído no qual não existem normas contratuais precisas". "Toda vez que os jogadores anunciam um protesto o pavio volta a ser aceso e retornam os lugares comuns e as frases feitas", observa Tommasi, ao rejeitar as críticas "aos ricos que fazem greve", ouvidas hoje em muitos lugares. "Mas isso não é uma greve, não é a questão econômica que está em pauta, e sim o direito de todo jogador de treinar com o time, como se comprometeram verbalmente a fazer os clubes" em 30 de maio passado, acrescentou Tommasi.

O contrato coletivo dos jogadores profissionais venceu há mais de um ano e o acordo alcançado entre as partes foi assinado pelo sindicato dos jogadores, mas ainda não pela Liga dos clubes da Série A. "Por ocasião do início da temporada de disputas com a partida da Supercopa no sábado (6) entre Milan e Inter, os jogadores da Série A, como antecipado nos últimos dias por Tommasi, querem que seja do conhecimento da opinião pública a desconcertante situação em curso pela renovação do contrato coletivo", começa a carta difundida através da ANSA.

O único dos oito pontos do novo acordo ao qual, segundo Tommasi, a Liga parece continuar a se opor se refere ao direito dos clubes de separar os jogadores do elenco para fazê-los treinar em separado ante uma possível crise.

A AIC teme que os clubes pressionem assim os jogadores quanto se discutir novos contratos.

"Esta ameaça de greve é um ato grave e insensível, especialmente no meio da crise em que está o país real. Não podemos esquecer que se trata de 800 jogadores cujo salário médio é de € 1 milhão por ano", argumentou Maurizio Beretta, presidente da Liga da Série A.

"Sob estas condições jamais assinaremos", acrescentou Beretta, opinando ainda que existem todas as condições para o acordo, "só falta um pouco de boa vontade. Se faz uma tempestade em um copo d'água e o tom da AIC é desproporcional"."Se Beretta se declara surpreso deve ter passado um ano longe da Itália. Que ele explique então porque fez um acordo que sua assembleia rejeitou. Na Liga da 1ª divisão são incapazes de conseguir que 20 pessoas concordem", replicou Tommasi. "Se o problema é com os jogadores de menos recursos, que façam mutualismo com os que ganham € 10 milhões por ano", disse Ignazio La Russa, ministro da Defesa do governo do premier Silvio Berlusconi, que é dono do campeão Milan.

A história do calcio registra desde 1969 várias ameaças de greve, mas só uma se concretizou – a de 16-17 de março de 1996, justamente no contexto de uma discussão pelo acordo coletivo de trabalho. 

Em função do contrato atual, a AIC suspendeu na temporada passada duas greves, depois de um acordo que a Liga agora não quer assinar, o que motiva o novo protesto, no âmbito de uma negociação que já dura muitos meses.

"Eles não podem nos tratar desta forma, porque não é uma questão de dinheiro", comentou Tommasi para todas as equipes, cuja concentração visitou durante a pré-temporada para concretizar a assinatura. "É preciso tempo e paciência, mas a unidade era uma certeza", disse Sergio Pellissier, capitão do Chievo.

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