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Itália vai investigar areia utilizada nos prédios que desabaram

A Procuradoria de L'Aquila, uma das cidades italianas mais afetadas pelo terremoto que atingiu o centro no país, anunciou que vai abrir um inquérito sobre o material utilizado nas construções que desabaram durante os tremores. A investigação foi anunciada depois da denúncia feita pela imprensa local de que algumas construções teriam sido erguidas com cimento misturado a areia do mar.

 

"Investigaremos se os edifícios foram construídos com areia marinha", declarou Alfredo Rossini, procurador-geral de L'Aquila ao jornal "La Repubblica". "Devemos dar uma resposta imediata às vítimas e seus parentes."

 

O inquérito iniciado hoje pode acusar os responsáveis pelas construções de homicídio culposo, caso seja constatado que os edifícios ofereceram pouca resistência ao terremoto de 6,3 graus na escala Richter do último dia 6.

O mesmo jornal publicou dois artigos que questionam as condições sob as quais foram construídas as casas que desmoronaram. O primeiro questiona por que o tremor atingiu de forma diferente dois prédios vizinhos: um deles se manteve em pé, o outro desabou, matando 26 pessoas.

Segundo o presidente da Associação Nacional de Construtores italiana (Ance), Paolo Buzzetti, "o cimento armado, se tivesse cumprido as normas, teria que resistir".

O segundo texto denuncia a utilização de areia do mar nas construções. "Normalmente, os maus construtores utilizam areia do mar. Não custa quase nada, em comparação com a areia adequada. O problema é que, além das muitas impurezas, ela é cheia de cloreto de sódio e, com o tempo, 'come' o ferro [das estruturas]", explica o engenheiro Paolo Clemente, da Defesa Civil italiana.

 

Pequenos caixões brancos com os corpos de crianças foram colocados sobre os caixões de seus pais, alguns com um de seus brinquedos favoritos sobre o caixão. A vítima mais jovem era um menino de cinco meses de idade que morreu com sua mãe.

"O clima hoje é de muita tristeza, mas também de muita revolta", disse Piero Faro, que veio prestar condolências à amiga da família Paola Pugliesi, 65, que morreu com seu filho Giuseppe, 45. "O prédio em que eles viviam simplesmente se desintegrou. Isso não deveria ter acontecido."

Alguns dos presentes beijaram os caixões e foram confortados pelo primeiro-ministro Silvio Berlusconi, antes de uma missa católica oficiada pelo segundo mais alto clérigo do Vaticano, o cardeal Tarcisio Bertone.

Em mensagem lida para os presentes, o papa Bento disse: "Eu me sinto espiritualmente presente entre vocês e compartilho sua dor."

Bandeiras foram hasteadas a meio-pau num dia de luto nacional, as lojas fecharam suas portas, os aeroportos suspenderam as decolagens para um minuto de silêncio, e os policiais do trânsito tiraram seus coletes coloridos.

Cinco dias após o terremoto, os serviços de resgate continuam a vasculhar os escombros. Nas últimas horas foram encontrados os corpos de uma mulher de 53 anos e sua filha adolescente nos escombros de sua casa.

Mas a agência de Proteção Civil informou que as buscas estão quase encerradas. Bombeiros acompanharam algumas pessoas a suas casas para recuperar objetos pessoais, enquanto policiais montavam guarda para prevenir saques.

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