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Italiana revela ansiedade por trabalho como diretora do Conselho Europeu de Pesquisa Nuclear

A italiana Fabiola Gianotti tornou-se a primeira mulher a liderar o Conselho Europeu de Pesquisa Nuclear (Cern) no último dia 1º de janeiro e revelou à agência de notícias Ansa a ansiedade para desenvolver seu trabalho. "Não vejo a hora de descobrir as coisas que a natureza nos reserva".

Gianotti faz parte de um seleto grupo de italianos que comandou o Cern nos 61 anos de história do instituto. Ela é a terceira representante do país a comandar o mais importante laboratório de física em nível internacional.

O primeiro italiano foi o prêmio Nobel Carlo Rubbia, entre os anos de 1989 e 1994, seguido por Luciano Maiani (de 1999 a 2003).

Um outro italiano, Edoardo Amaldi, está entre os fundadores do Cern.

No momento de sua nomeação, anunciada em novembro de 2015, Gianotti havia afirmado querer trabalhar em nome da ciência e da paz e, agora, diz estar pronta a realizar seu programa.

"Adaptarei-me para expandir a excelência do Cern nas pesquisas científicas na física fundamental e no desenvolvimento das tecnologias inovadoras. A formação dos jovens e a colaboração pacífica de milhares de cientistas de todo o mundo são aspectos cruciais na missão do Cern", disse a diretora-geral.

Nascida em Roma há 53 anos, Gianotti estudou em Milão e foi uma das protagonistas da descobertas do Bóson de Higgs, anunciada em julho de 2012. Foi algo memorável, mas ela promete que o período de sua gerência não fará menos.

O maior acelerador de partículas do mundo, o Grande Colisor de Hádrons (LHC) começou a funcionar com energia recorde de 13 trilhões de elétron-volts (13 TeV) abrindo territórios inexplorados da física. As expectativas são altíssimas, como demonstram as primeiras descobertas de novas partículas, mas tudo precisa ser confirmado.

"A prudência é uma obrigação porque as indicações que temos até agora são extremamente fracas. Podem ser os primeiros vestígios de uma nova partícula ou simplesmente uma flutuação da estática.

Vamos saber mais na metade de 2016", ressalta Gianotti. Além desses índices, os dados do LHC podem responder muitas perguntas fundamentais da física.

"O LHC foi concebido e construído para enfrentar numerosas questões em aberto na nossa compreensão da física fundamental. A descoberta do Bóson de Higgs nos permitiu clarear alguns dos mistérios que nos acompanharam por décadas: a origem das massas das partículas elementares", diz a especialista. Ela ainda destaca que diversas perguntas ainda aguardam por esclarecimentos, "entre as quais, a composição da matéria obscura que constitui cerca de 23% do Universo". "Outra resposta que procuramos é porque o universo é feito predominantemente de matéria enquanto a antimatéria é muito pouca. Mas, há muitas outras e é difícil dizer quais dessas perguntas nós responderemos mais rapidamente porque as respostas estão nas mãos da natureza", ressalta.

Questionada pela Ansa sobre o que seria essa "nova física", Gianotti afirma que "há muitas teorias sobre isso e a questão da supersimetria está entre as mais fascinantes" – referindo-se à teoria de que todas as partículas têm uma "partícula espelhada" e escondida.

"Mas, um cientista deve colocar-se perante à natureza sem ideias pré-concebidas. E a surpresa, descobrir algo verdadeiramente inesperado, é a mais bela recompensa para quem faz uma pesquisa", finalizou Gianotti.

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