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Italiano é eleito para presidir o Parlamento Europeu

Social-democrata David Sassoli promete mudança “possível e necessária” para fazer com que a Europa seja mais moderna

O social-democrata italiano David Sassoli venceu a eleição para presidência da Eurocâmara, última peça do quebra-cabeça dos altos cargos na União Europeia (UE) após o acordo anunciado na véspera pelos líderes do bloco. O mandato tem duração de dois anos e meio.

“Esta legislatura deverá fazer uma mudança possível e necessária para fazer com que a Europa seja mais moderna”, afirmou Sassoli, 63 anos e jornalista de formação, antes da primeira votação, quando ficou a apenas sete votos da vitória.

O eurodeputado desde 2009 e vice-presidente da Câmara desde 2014, nascido em 30 de maio de 1956 em Florença, recebeu o apoio de 345 parlamentares na segunda votação e superou a alemã ecologista Ska Keller (119), o conservador eurocético tcheco Jan Zahradil (160) e a espanhola Sira Rego (esquerda radical, 43).

Sassoli é considerado uma pessoa tranquila, estudou Ciências Políticas e iniciou a carreira de jornalista na década de 1980 como colaborador de pequenos jornais e agências de notícias.

Em 1992 foi contratado pela rede estatal de rádio e televisão RAI, onde se tornou um rosto conhecido para milhões de italianos.

Entrou na política em 2009, quando o ex-prefeito de Roma Walter Veltroni organizou a fusão dos dois maiores partidos de esquerda e centro, o que criou o Partido Democrático (PD) italiano.

Moeda de troca

O Partido Popular Europeu (PPE, direita) tem a maior bancada, com 182 cadeiras, mas não apresentou um candidato a suceder o italiano Antonio Tajani, em função do acordo entre governantes.

“Depois de dois anos e meio de presidência do PPE, agora corresponde aos socialistas apresentar um candidato. Estamos dispostos a apoiá-lo”, afirmou na terça-feira 2 o líder da bancada do PPE, Manfred Weber, candidato derrotado para presidir a Comissão Europeia.

A atribuição da presidência da Eurocâmara aos social-democratas, segunda maior bancada com 154 deputados, acontece no âmbito de um acordo que definiu a presidência da Comissão Europeia para a alemã Ursula Von der Leyen (PPE).

Tradicionalmente, social-democratas e o partido de direita dividem os altos cargos, mas as eleições europeias de maio acabaram com sua maioria na Eurocâmara, para a qual precisam agora dos liberais ou dos verdes.

A inclusão dos liberais, terceira maior bancada com 108 cadeiras, na equação para forjar a maioria pró-europeia complicou a discussão dos altos cargos. No fim, a presidência do Conselho Europeu foi atribuída ao belga Charles Michel.

Apesar da escolha de um social-democrata para presidir a Eurocâmara e de um nome do partido para comandar a diplomacia do bloco, o espanhol Josep Borrell, a líder da bancada do grupo, Iratxe García, criticou um plano “decepcionante” de divisão dos cargos.

Sua irritação se concentra no fato de que os governantes não escolheram para a Comissão nenhum dos candidatos que lideraram os grupos políticos durante as eleições para a Eurocâmara em maio, uma exigência do Parlamento anterior.

“A presidência da Eurocâmara não deve ser uma ‘moeda de troca’ na negociação dos postos de responsabilidade europeus”, lamentou a ecologista Keller, durante o discurso em que defendeu sua candidatura.

O nome do búlgaro social-democrata Serguei Stanishev chegou a ser mencionado como um possível presidente do Parlamento Europeu, para dar um alto cargo a um país do leste europeu, mas no fim todos os nomes escolhidos são da Europa ocidental ou central.

Sassoli, que presidirá a Câmara na primeira metade do mandato legislativo de cinco anos, enfrentará um Parlamento com maior presença de eurocéticos e a eventual saída, em outubro, dos eurodeputados britânicos.

No dia 15 de julho, os eurodeputados devem aprovar a nomeação para a presidência da Comissão Europeia a partir de 1º de novembro de Ursula Von der Leyen.

 

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