
O Palácio Colonna, considerado o local turístico mais exclusivo de Roma, recebe apenas uma fração mínima dos milhões de visitantes que passam anualmente pelo Coliseu e pela Capela Sistina. Apesar de ocupar um quarteirão inteiro no centro da cidade, a residência-museu privada permanece praticamente oculta, acessível somente a pequenos grupos em visitas guiadas nas manhãs de sexta e sábado.
A família Colonna mantém o palácio em funcionamento restrito para preservar seu caráter histórico. As salas barrocas, com pinturas, esculturas, bustos, tapeçarias e um Salão Grande de 76 metros, só podem ser vistas por grupos de até dez pessoas, sempre acompanhados por historiadores da arte. Segundo a restauradora Elisabetta Cecchini, a intenção não é transformar o local em museu de massa, mas evitar que a arte “morra sem apreciação pública”.
O príncipe Don Prospero Colonna ainda reside no palácio e autoriza raramente eventos. Entre as exceções estão o lançamento de um livro do papa João Paulo II, em 2005, e uma exposição do Metropolitan Museum de Nova York sobre moda católica, em 2018, que atraiu nomes como Donatella Versace e Anna Wintour. Essas ocasiões marcaram raros momentos de acesso para a imprensa.Há dois séculos, os Colonna mantêm um truste que garante que as obras do palácio jamais sairão de lá. Durante a ocupação nazista, a princesa Isabella Colonna ordenou que todo o acervo fosse escondido em uma ala murada do prédio, manobra que impediu os militares de encontrá-lo e preservou o patrimônio da família.
Os interiores revelam séculos de poder. A Sala do Trono abriga o retrato de Oddone Colonna, eleito papa Martinho V em 1417 e responsável por transformar o palácio em residência papal por dez anos. Já o teto do Salão Grande mostra as vitórias do comandante Marcantonio Colonna, figura chave em uma batalha naval do século XVI que influenciou o destino político da Europa.
Segundo Patrizia Piergiovanni, diretora da galeria, a história de Roma e da família Colonna é indissociável, dada a influência da linhagem na vida política e cultural da cidade. O pátio interno, cercado por laranjeiras, reforça a sensação de um espaço preservado do tempo e do turismo em massa.
O Salão Grande também ganhou notoriedade no cinema ao servir de cenário para a cena final de “A Princesa e o Plebeu” (1952). No filme, Audrey Hepburn — interpretando uma princesa — concede uma entrevista coletiva no salão e declara Roma como sua cidade favorita, encerrando a produção com uma homenagem à capital italiana.



