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Oposição ataca presidente italiano Giorgio Napolitano após depoimento sobre máfia

O líder do Movimento 5 Estrelas (M5S), Beppe Grillo, partiu para o ataque contra o presidente da Itália, Giorgio Napolitano, após o mandatário depor na Justiça em um processo sobre supostas relações entre o Estado e a máfia.

Para o humorista, que comanda o principal partido de oposição do país, Napolitano, ao mandar destruir as interceptações de suas conversas com um suspeito de manter laços com o crime e se recusar a responder publicamente sobre o tema, acabou "admitindo sua culpa".

O caso é complexo e remonta ao início dos anos 1990, período marcado por diversos atentados à bomba promovidos pela Cosa Nostra, a máfia siciliana. Passados 20 anos, o Tribunal de Palermo, capital da região, apura se o governo italiano fez acordos com os mafiosos para acabar com o terrorismo, oferecendo em troca o relaxamento da pena de criminosos presos.

Na época, o Ministério do Interior era ocupado por Nicola Mancino (1992-1994). Por isso, ele passou a ser investigado e teve algumas ligações interceptadas pela Justiça. Entre elas, estavam conversas registradas entre 2011 e 2012 com Loris D'Ambrosio, então conselheiro jurídico de Napolitano, e com o próprio chefe de Estado.

No final de 2012, a Corte Constitucional acolheu um recurso do presidente, que valeu-se de prerrogativas inerentes ao cargo e pediu a eliminação imediata das gravações, já que ele não poderia ter sido interceptado. "Há algo de inquietante nas repetidas ligações de Mancino, além do conteúdo. Ele sabia que estava sendo grampeado. Ligar para o Quirinale [sede da Presidência] com aquela insistência só poderia colocar Napolitano em problemas, coisa que mais tarde aconteceu", escreveu Grillo em seu blog.

Segundo ele, o foco então passou para o presidente – que tem imunidade -, deixando de lado as eventuais responsabilidades de Mancino. Ao longo dos últimos dias, o M5S tem acusado o chefe de Estado de "jogar as instituições na lama" ao não revelar sobre o que conversara com o ex-ministro.

A sigla tem o apoio da legenda de extrema-direita Liga Norte nas críticas. Por outro lado, os governistas Partido Democrático (PD) e Nova Centro-Direita (NCD) elogiaram a postura de Napolitano ao não se negar a depor no processo.

Apesar da polêmica das gravações, ele não foi convocado pela Justiça por conta disso. O que levou o chefe de Estado a prestar depoimento foi uma carta enviada a ele por D'Ambrosio, morto em 2012.

Na correspondência, seu conselheiro jurídico exprimia o "temor" de ser considerado um "ingênuo e útil escriba para servir de escudo para acordos indizíveis no período entre 1989 e 1993". O documento é da mesma época em foram interceptados os telefonemas entre D'Ambrosio e Mancino.

De acordo com a Presidência, o depoimento de Napolitano durou três horas, durante as quais ele respondeu a todas as perguntas, incluindo aquelas feitas pelo advogado de Salvatore "Totò" Riina, ex-chefe da Cosa Nostra preso desde 1993.

À Justiça, o mandatário afirmou que nunca soube de acordos entre o Estado e a máfia envolvendo Mancino ou D'Ambrosio.

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