O ex-primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi negou que tenha ameaçado ou dado um "ultimato" ao governo de Enrico Letta sobre sua condenação no processo Mediaset e possível perda de mandato no Senado. Berlusconi afirmou que, mesmo se tiver o mandato cassado, o governo italiano continuará no poder, mas seu partido, o Povo da Liberdade (PDL), terá dificuldades em manter a colaboração com o Partido Democrático (PD), de Letta.
"Não dei nenhum ultimato. Eu me lembro que este governo foi muito desejado por mim e estou convencido de que a Itália precisa da continuação do governo", disse o ex-premier a jornalistas italianos.
Tentando demonstrar apoio ao governo, o ex-premier garantiu que assinará todos os referendos e propostas em debate no país, mesmo que "não concorde com tudo". "Eu assino não só os seis projetos sobre a justiça, que são sagrados, mas também alguns outros que não concordo", afirmou.
Ele, porém, destacou que, caso saia da cena política devido às condenações, será "impossível manter a colaboração" com o PD, de Letta. "Eu espero que o governo possa continuar, mas é absurdo que o PD pretenda que uma outra força aliada prossiga trabalhando e colaborando na mesa de governo se tirarem o fundador e o líder dela", comentou Berlusconi, referindo-se à sua situação no PDL. No início do mês, a Suprema Corte italiana confirmou uma condenação a quatro anos de prisão contra Berlusconi por fraude fiscal, no processo que ficou conhecido como "Mediaset", nome de uma empresa de comunicação de propriedade do ex-premier. Berlusconi também corre o risco de perder seu mandato no Senado e ficar interditado de cargos públicos por cinco anos. Essa questão está sendo analisada por uma comissão especial de senadores, que leva o nome de "junta".