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Vaticano e Berlusconi protestam contra morte de Eluana

A notícia da morte de Eluana Englaro, italiana que teve alimentação e hidratação suspensas após 17 anos em coma, provocou protestos do primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi, do Vaticano e de senadores governistas. "Que o Senhor perdoe os responsáveis", disse Javier Barragan, presidente do Conselho Pontifício para Questões de Saúde do Vaticano.

 

"Ela nos deixou. Não quero dizer nada, quero ficar só", disse o pai de Eluana, Beppino Englaro, que lutou anos na Justiça para obter o direito de suspender os recursos que a mantinham em estado vegetativo. Segundo ele, essa era a vontade da filha.

 

Eluana estava internada desde a última terça-feira na clínica La Quiete, em Udine. Segundo informações do jornal milanês Corriere della Sera, foi o anestesista Amato De Monte que telefonou ao pai de Eluana e informou o óbito.

 

Os protestos foram imediatos. Berlusconi disse que recebeu a morte de Eluana com "uma profunda dor" e disse lamentar que o governo não tenha conseguido "salvar uma vida". No Senado, políticos de partidos governistas também tiveram uma reação violenta. Após a observação do minuto de silêncio, começaram a gritar "assassinos, assassinos" para colegas da oposição de esquerda. Segundo informações do Corriere, o presidente do Senado, Renato Schifani, suspendeu a sessão para evitar pancadaria entre os políticos.

O caso de eutanásia mobilizou a Itália nos últimos dias, desde que Eluana foi transferida para La Quiete, uma clínica particular que aceitou cumprir a decisão da Suprema Corte de Justiça, de acatar o pedido da família para que os aparelhos fossem desligados. Em reação, Berlusconi havia expedido uma ordem executiva para que a alimentação a Eluana fosse mantida, mas o presidente da Itália, Giorgio Napolitano, recusou-se a assinar a ordem.

Nesta terça-feira, o Senado da Itália avaliava uma lei que poderia forçar os médicos a alimentarem Eluana. A questão da eutanásia, muito polêmica em um país de maioria católica como a Itália, quase levou a uma crise de governo. Berlusconi, cuja coalizão de centro-direita expediu a ordem para que a alimentação fosse mantida, entrou em choque com Napolitano, um ex-comunista, que afirmava que a decisão da Suprema Corte e a vontade da família Englaro deveriam ser respeitadas. O Vaticano apoiou a decisão de Berlusconi.

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