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Presidente italiano lamenta morte do líder radical Marco Pannella

O presidente da Itália, Sergio Mattarella, lamentou a morte do líder radical Marco Pannella, ocorrida após uma luta por anos contra tumores nos pulmões e no fígado.   

"A morte de Marco Pannella dói profundamente. Protagonista da política italiana, sem nunca estar ligado ao poder, combateu batalhas de grande importância, particularmente, no campo dos direitos. Com paixão, ele representou tantos cidadãos e conseguiu, não raramente, transformar uma condição de minoria no início de um processo de mudança", afirmou o mandatário em nota.   

Segundo Mattarella, o autointitulado radical foi um "líder político contra-corrente, um interlocutor incomodado como aqueles pelos quais defendia sua luta". "O reconhecimento que hoje vem em forma de tributo, também por muitos que não eram de acordo com suas ideias, testemunha que, em muitos aspectos, ele tinha consciência crítica sobre nosso país, com base em uma verdadeira fidelidade aos princípios de liberdade e de democracia", disse ainda o chefe de Estado.   

O presidente ainda revelou que conversou várias vezes com Pannella recentemente, especialmente sobre sua situação de saúde, e que "nunca me disse para não pensar em um amanhã melhor para nosso país". Quem também lamentou a morte do líder foi o jornalista e escritor italiano, Roberto Saviano. Através das redes sociais, o autor de "Gomorra" fez duas postagens ao político e agradeceu pela coragem demonstrada por ele ao longo da vida e que a morte "não conseguirá parar".   

"Você nos ensinou que não existe outra batalha que não seja aquela pelos direitos. Que cada ideia política, cada projeto, cada idealização romântica tropeçam e implodem-se se não forem ampliadas, codificadas e criadas por direito. Aborto, divórcio, cárcere, fim da vida, foram suas batalhas, escolhendo os locais onde as mulheres e os homens estão mais desprotegidos, frágeis, sós. Onde é mais fácil serem insultados, denunciados, condenados. Você me ensinou a não temer […] porque a coragem é colocar a esperança na confiança mútua", postou o autor. No mundo da política, as manifestações não cessam. O ministro do Interior, Angelino Alfano, afirmou que "Marco Pannella é um daqueles homens que deixaram uma marca". "Disputou partidas importantes e tantos de nós estavam ainda no meio de campo.   

Algumas ele venceu, outras perdeu, mas sempre disputou todas como um grande campeão", afirmou Alfano em entrevista.   

Já o ex-presidente da República Giorgio Napolitano chamou o líder radical de "inigualável figura política e moral, alienada de qualquer convencionalismo, disponível aos mais generosos empenhos e sacrifícios para cada causa de liberdade e de justiça".   

"Por décadas, nós caminhamos por caminhos paralelos, através de consensos e dissensos, separando-nos e nos reencontrando, sempre respeitando a luta e permanecendo ligados por sentimentos comuns e solidariedade. Marco conheceu muitas decepções, mas se reerguia rápido e não hesitava em lutar novamente. Acredito que a Itália lhe deva um pouco", reforçou o ex-mandatário.   

A presidente da Câmara dos Deputados, Laura Boldrini, disse que a morte de Pannella é "uma perda" para a democracia italiana, que "perde um extraordinário combatente pela causa dos direitos civis".   

"Precisamos agradecer porque ele contribuiu de modo determinante para uma sociedade mais aberta, mais tolerante, mais respeitosa com as pessoas. Ele deixou nosso país mais moderno e menos diferente com outros países europeus. Nós podíamos ter opinões diferentes sobre algumas de suas batalhas, mas Pannella teve o mérito indiscutível de impor à discussão pública questões incômodas, mas sobre as quais a política e as instituições não podem fechar os olhos", destacou Boldrini.   

O presidente do Senado, Pietro Grasso, também se manifestou e lembrou que o político "enfrentou sua doença com o mesmo orgulho com o qual, por décadas, lutou pelas causas nas quais acreditava". "Com ele, se vai um protagonista da história republicana e das batalhas pelos direitos civis. Adeus, Marco", disse o líder dos senadores.   

Quem também se manifestou foi o veículo católico "Osservatore Romano". "Protagonista dos mais conhecidos na vida política italiana, sempre esteve na primeira linha levando à frente batalhas apaixonadas contra a pena de morte, contra a fome no mundo e pela melhoria das condições dos encarcerados", escreveu a publicação em nota. O jornal ainda lembrou que o "nome dele ficará sempre ligado à lei do divórcio, introduzida na Itália em 1970, e sobre a interrupção voluntária da gravidez, que em 1978 aboliu o crime do aborto, limitando às violações previstas da nova ordem" da sociedade. (Ansa)

 

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