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Von der Leyen garante que Kiev terá acesso a mercado único da União Europeia

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, garantiu durante o tradicional discurso do Estado da União, que a Ucrânia terá acesso ao mercado único do bloco europeu e reforçou o apoio incondicional à nação durante a guerra.

“Levaremos a Ucrânia para a nossa área europeia de livre comércio. Os nossos caminhos de solidariedade são um grande sucesso. Com base em tudo isso, a Comissão vai colaborar com a Ucrânia para garantir um acesso sem problemas ao mercado único – e vice-versa. É hora de torná-lo também um sucesso para nossos amigos ucranianos e é por isso que vou a Kiev hoje para debater com o presidente [Volodymyr] Zelensky”, disse aos parlamentares.

Essa será a terceira visita oficial da chefe do Executivo a Kiev desde o início dos ataques russos, em 24 de fevereiro, e faz parte do processo de adesão do país europeu ao bloco, que está em andamento. A líder europeia ainda ressaltou que vê a Ucrânia como uma “terra de heróis”.

Durante o discurso, Von der Leyen lembrou que esse era o primeiro discurso do Estado da União que ocorre “enquanto uma guerra enfurece o solo europeu” e que todos ali “acordaram assustados” em fevereiro quando viram o que estava acontecendo na Ucrânia.

“Fomos abalados pela face impiedosa do mal. Ficamos chocados pelo barulho das sirenes e pela pura brutalidade da guerra. Mas, daquele momento, um inteiro continente se uniu em solidariedade. Daquele momento, os europeus não se esconderam e nem hesitaram. Encontraram a coragem de fazer a coisa certa e, daquele momento, a nossa União em sua complexidade ficou à altura da situação”, pontuou. Von der Leyen ainda atacou o presidente da Rússia, Vladimir Putin, tanto pela guerra em si como pelos problemas no abastecimento de gás natural, que está deixando a União Europeia à beira do racionamento energético.

“Essa é uma guerra contra a nossa energia, uma guerra contra a nossa economia, uma guerra contra os nossos valores e uma guerra contra o nosso futuro. Trata-se de uma autocracia contra uma democracia. E estou aqui com a convicção que, com coragem e solidariedade, Putin falhará e a Europa prevalecerá”, acrescentou sob aplausos.

Sobre as sanções políticas, econômicas e financeiras ao governo de Moscou, a chefe do Executivo disse que essas punições “estão destinadas a permanecer” porque a “solidariedade da UE na relação com a Ucrânia permanecerá inquebrável”.

“Desde o primeiro dia, a Europa esteve ao lado da Ucrânia. Com armas, fundos, hospitalidade para os refugiados e com as sanções mais duras que o mundo já viu. O setor financeiro da Rússia está em crise. Quero ser muito clara: as sanções estão destinadas a permanecer e esse é o momento de demonstrar determinação”, disse ainda.

Ainda sobre o apoio à Ucrânia, a chefe da Comissão afirmou que está sendo trabalhado com a primeira-dama ucraniana, Olena Zelenska, que estava entre os convidados da plenária, um novo programa para ajudar a reestruturar as escolas bombardeadas durante a guerra. Ao todo, serão disponibilizados cerca de 100 milhões de euros em ajudas.

Sobre os problemas energéticos, enfrentados por todos os Estados-membros, Von der Leyen ressaltou os programas já aprovados em nível europeu para ajudar as famílias mais vulneráveis e ressaltou que está sendo debatido um teto de lucros para as empresas que produzem energia a baixo custo.

Também foi anunciada a criação de um “novo banco europeu de hidrogênio”, que ajudará na contratação do gás utilizando recursos do Fundo para Inovação do bloco. É estimado que sejam feitos investimentos de até 3 bilhões de euros para “ajudar a construir o mercado futuro do hidrogênio”.

Outro anúncio feito por Von der Leyen foi a criação de “um fundo soberano europeu com o qual aumentaremos a nossa participação financeira a importantes projetos de comum interesse europeu” para questões industriais.

“Hoje, a China controla a indústria de transformação global. Quase 90% das terras raras e 60% do lítio são processados na China. Precisamos evitar cair na mesma dependência de petróleo e de gás. Por isso, vamos anunciar uma lei europeia sobre matérias-primas fundamentais”, disse.

A referência aos combustíveis fósseis ocorre em um momento que o bloco trabalha intensamente para reduzir ao máximo sua dependência da Rússia. Foram fechados acordos com países árabes e africanos para a diversificação de fornecedores, além do aumento das compras dos Estados Unidos e da Noruega na questão do gás.

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