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Grampo faz governador da região italiana da Sicília se afastar

O governador da região italiana da Sicília, Rosario Crocetta, anunciou sua própria suspensão do cargo, após a divulgação da escuta telefônica de uma conversa entre ele e seu médico pessoal, Matteo Tutino, acusado de fraude, peculato e abuso de poder.

Referente a 2013, o grampo foi publicado pela revista "l'Espresso" e mostra os dois falando sobre Lucia Borsellino, importante política siciliana e filha do magistrado Paolo Borsellino, assassinado pela Cosa Nostra em 1992 por causa de sua atuação no combate à máfia.

Em determinado momento da gravação, o médico diz: "Ela deve parar, deve ser descartada, como o pai". Crocetta apenas ouve e fica em silêncio. "Eu não escutei a frase sobre Lucia, talvez estivesse em uma área com sinal ruim, não sei explicar. Tanto que eu não respondo. Agora me sinto mal. Se tivesse ouvido, não sei… Poderia ter encontrado Tutino para massacrá-lo com chutes, talvez tivesse informado imediatamente a Justiça. Estou chocado, sinto um horror profundo", afirmou o governador em meio a lágrimas e soluços.

Sem conseguir conter o choro, Crocetta culpou os mafiosos pela revelação que pode tirá-lo definitivamente do cargo que ocupa desde novembro de 2012. "Por quê? Por quê? O quão poderosa é essa máfia que quer me ver longe? É o pior dia da minha vida, eles querem me tirar", declarou.

Além de médico pessoal do governador, Tutino é diretor do hospital Villa Sofia, em Palermo. Ele está em prisão domiciliar desde 29 de junho de 2015 sob suspeita de fraude, peculato e abuso de poder em contratos da instituição. Segundo a "l'Espresso", a interceptação faz parte de dossiês sobre o caso mantidos em segredo pela Justiça.

No entanto, o procurador da capital siciliana, Francesco Lo Voi, contou que os autos do processo não incluem nenhum telefonema desse teor. Além disso, o advogado do médico, Daniele Livreri, alega que seu cliente nunca pronunciou essas palavras.

Mas ainda que a autenticidade do grampo permaneça sob suspeita, Crocetta tem sido alvo de críticas de todos os lados, o que o motivou a se afastar do governo da região.

"Não posso não me sentir intimamente ofendida e ter um pouco de vergonha por eles", disse Lucia, que se demitira do cargo de assessora de Saúde da Sicília após a prisão de Tutino. Seu sucessor no posto, Baldo Gucciardi, assumirá a administração da ilha interinamente.

Nos próximos dias, Crocetta vai anunciar se renuncia ou não. "É inevitável a sua demissão e a realização de novas eleições. Aquelas palavras sobre Lucia Borsellino são uma vergonha inaceitável", escreveu no Twitter o subsecretário do Ministério da Educação da Itália, Davide Faraone, membro do Partido Democrático (PD) – o mesmo do governador – e braço direito do premier Matteo Renzi na Sicília.

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