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Beatificação reafirma o próprio João Paulo II como legado para Igreja Católica

Com a beatificação de João Paulo II, a Igreja Católica assume a própria história do papa polonês como um legado para o catolicismo. Cardeais e especialistas em religião são unânimes ao afirmar que, para além dos sinais de santidade aclamados pelo povo ainda nos ritos do funeral, os 26 anos de pontificado de Karol Wojtyla também deixam como herança um forte controle doutrinário e a abertura para gestos diplomáticos e religiosos.

O professor Faustino Luiz Couto Teixeira, do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Religião da Universidade Federal de Juiz de Fora, sintetiza a leitura de acadêmicos que identificam uma forte tendência ao controle institucional na gestão de João Paulo II, equilibrada em outro extremo por uma presença carismática em viagens missionárias e pastorais.

Faustino destaca, sobretudo, que o polonês teve uma abertura significativa para o diálogo com outras religiões. "Na época, provocou reação contundente em setores do Vaticano, inclusive do próprio Ratzinger (então cardeal, hoje Papa Bento XVI)", afirma Faustino.

Segundo o professor, a abertura para o diálogo com os muçulmanos e judeus seria parte do aprofundamento de reformas ocorridas anos antes na própria Igreja. “Ele (João Paulo) sintonizou-se com o espírito do Vaticano II”, avalia.

Por sua vez, o teólogo Leonardo Boff, que optou pode deixar o sacerdócio em 1992 após ter sofrido nos anos 1980 censura do Vaticano por suas críticas à hierarquia, avalia que a figura carismática e atlética do papa "falava por si mesmo", embora fosse contraditória. "Não precisava ter escrito as 100 mil páginas que ele escreveu em documentos", diz Boff.

O teólogo diz que o papa esvaziou o "aggiornamento", conceito usado pelo Concílio Vaticano II para se referir à necessidade de atualização da Igreja frente à modernidade. “Construiu uma igreja para dentro, prolongando o velho modelo medieval. Com muito rigor e ordem, reprimiu mais de 140 teólogos que foram silenciados e as conferências episcopais (conselhos dos bispos, como a CNBB) passaram por um processo de romanização”, diz Boff.

"Foi um grande ator, que ensaiou sua própria apresentação no mundo e que teve algo positivo nisso: mostrar no mundo privatizado que o fator religioso existe e pode mover milhões. As manifestações eram shows, mas o conteúdo era fraco", diz.  Boff avalia que até mesmo o diálogo com outras religiões foram apenas diplomáticos, embora pioneiros. “São gestos pastorais, se perguntarmos qual a teologia, aparece o documento onde se apresenta uma doutrina absolutamente retrógrada, que sustenta que fora da Igreja não há salvação”, diz.

Exemplo e diálogo

Antes de viajar para acompanhar a cerimônia de beatificação no Vaticano, os cardeais Dom Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo, e Dom Cládio Hummes concederam entrevista em São Paulo na qual ressaltaram a importância do papa polonês para a Igreja Católica. “O papa João Paulo II deu um grande testemunho em vida de santidade. Na Igreja alguém não é santificado depois da morte. Alguém é santo durante a vida e é proclamado santo depois da morte. O primeiro passo é a beatificação”, explicou Dom Odilo.

O arcebispo ressaltou a importância da figura carismática de João Paulo II e sua abertura para diálogos de paz. "Foi um grande promotor do entrosamento. O reconhecimento disso foi muito claro no funeral, onde houve uma afluência de chefes de estados como nunca antes houve na história", disse.

Dom Cláudio, que ressaltou a boa convivência que teve com o papa, destacou o carisma e a santidade de Karol Wojtyla. "Creio que em síntese foi um homem que se identificou profundamente com Jesus Cristo. Em segundo lugar, era apaixonado pelo ser humano. Essas duas paixões fazem dele santo", disse. "Era uma luz quando aparecia diante das multidões. Tinha aquele carisma que se manifestava", avalia o arcebispo emérito de São Paulo e ex-prefeito da Congregação para o Clero.

Exemplo e diálogo

Antes de viajar para acompanhar a cerimônia de beatificação no Vaticano, os cardeais Dom Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo, e Dom Cládio Hummes concederam entrevista em São Paulo na qual ressaltaram a importância do papa polonês para a Igreja Católica. “O papa João Paulo II deu um grande testemunho em vida de santidade. Na Igreja alguém não é santificado depois da morte. Alguém é santo durante a vida e é proclamado santo depois da morte. O primeiro passo é a beatificação”, explicou Dom Odilo.

O arcebispo ressaltou a importância da figura carismática de João Paulo II e sua abertura para diálogos de paz. "Foi um grande promotor do entrosamento. O reconhecimento disso foi muito claro no funeral, onde houve uma afluência de chefes de estados como nunca antes houve na história", disse.

Dom Cláudio, que ressaltou a boa convivência que teve com o papa, destacou o carisma e a santidade de Karol Wojtyla.

"Creio que em síntese foi um homem que se identificou profundamente com Jesus Cristo. Em segundo lugar, era apaixonado pelo ser humano. Essas duas paixões fazem dele santo", disse. "Era uma luz quando aparecia diante das multidões. Tinha aquele carisma que se manifestava", avalia o arcebispo emérito de São Paulo e ex-prefeito da Congregação para o Clero. (O Globo)

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