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Com agenda de reformas, primeiro-ministro italiano Matteo Renzi completa 1 ano no governo da Itália

O primeiro-ministro da Itália, Matteo Renzi, completou neste último dia 22 de fevereiro um ano no cargo de governante. Nesses 12 meses, o ex-prefeito de Florença conseguiu impor uma agenda de reformas que muitos líderes políticos do país duvidavam. Adepto de um estilo agressivo, o jovem premier de 40 anos já colecionou neste início de mandato uma série de vitórias políticas que deixaram seus adversários perplexos. Entre os que foram atropelados pelo ímpeto renziano no último ano estão a ala mais tradicional de sua própria legenda, o centro-esquerdista Partido Democrático (PD), e o ex-premier e líder da oposição, Silvio Berlusconi.

Reforma eleitoral, constitucional, administrativa, fiscal, judiciária, trabalhista, educacional… Foram muitos os projetos apresentados por Renzi nos primeiros 12 meses de seu governo.

Alguns já foram aprovados e estão em vigor, como o controverso "Jobs Act", conjunto de medidas que flexibiliza a legislação trabalhista italiana.

Outros estão em vias de receber a chancela definitiva do Parlamento, como a nova legislação eleitoral do país, fruto de um acordo entre o primeiro-ministro e Berlusconi. Desde que foi eleito, Renzi diz que seu objetivo é mudar a Itália em mil dias. Até novembro de 2016, ele quer que seu país esteja mais "simples, corajoso e competitivo". Ou, segundo o site do seu programa de governo, "mais belo".

"Claro que não é fácil, é um país parlamentarista, então o Congresso detém o poder maior. Ele tem que ser muito duro em impor algumas coisas para conseguir. Se ele ficar conversando com todo mundo, olhando para todos os lados, é natural que não avance", diz a deputada ítalo-brasileira Renata Bueno, que integra o Grupo Misto da Câmara, mas faz parte da base aliada de Renzi.

Segundo ela, o premier quer inicialmente aprovar todas as reformas estruturais de que a nação precisa, transformando a constituição para simplificar e fortalecer suas instituições.

Com essa etapa concluída, será possível sentir os efeitos positivos na estagnada economia italiana, de acordo com a parlamentar.

Atualmente, o país luta para sair da recessão e tem uma taxa de desemprego superior a 13%, valor que aumentou sob o novo governo. Por outro lado, a Itália começa a dar sinais de retomada e todas as previsões do seu Banco Central e da União Europeia apontam para um crescimento em 2015, ainda que modesto.

Diálogo

Para fazer avançar suas reformas no Parlamento, o primeiro-ministro não se importou em passar por cima de adversários e até de aliados. O Jobs Act encontrou muita resistência de uma minoria do PD capitaneada por antigos caciques do partido. Foi aprovado mesmo assim.

Parte desse grupo também criticou Renzi duramente por se aliar ao rival Berlusconi para aprovar a reforma eleitoral no Senado, onde o governo precisava dos votos do conservador Forza Italia (FI). A aproximação com o ex-Cavaliere e a disposição em negociar com ele – vontade essa muitas vezes negada aos seus próprios correligionários – acabaram criando divisões dentro do PD.

O clima de atrito dentro da legenda só foi pacificado em janeiro deste ano, com a eleição do jurista Sergio Mattarella para a Presidência da República, na grande jogada de Matteo Renzi. O premier passou todo o ano passado comprando brigas com sua sigla e conversando com Berlusconi – enquanto precisava dos seus deputados e senadores. Mas, assim que a reforma eleitoral foi aprovada no Senado, Renzi "dispensou" a aliança com o Forza Italia e acabou indicando Mattarella para presidente, um raro nome capaz de obter consenso dentro do PD e que não era do agrado de Berlusconi, que esperava participar da escolha.

"Quem merece valor são os seus companheiros, e não Berlusconi, até pela sua história na política. Foi uma tirada de mestre que fortaleceu o Partido Democrático. O nome de Mattarella era muito pacificador", ressaltou Renata Bueno.

Acusando o golpe, o ex-Cavaliere se disse traído e fez um mea culpa por ter tido acordos com Renzi. Em discurso aos seus aliados, ele já prometeu liderar uma oposição sistemática ao governo. Agora, após um ano de conflitos internos, a Itália parece caminhar para uma divisão mais clara entre centro-esquerda e centro-direita.

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