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Corte de Cassação Italiana declara culpado o argentino Alfredo Astiz, culpado por “voos da morte”

A Corte de Cassação italiana declarou culpado o ex-capitão da Marinha argentina Alfredo Astiz pela realização dos chamados "voos da morte", com o qual a ditadura militar que governou o país sul-americano entre os anos de 1976 e 1983 costumava eliminar os adversários do regime.

Os juizes da mais alta instancia judicial italiana declararam Astiz responsável pelos homicídios cometidos na Escola de Mecânica da Armada (Esma), em Buenos Aires, onde funcionou um campo ilegal de seqüestro, tortura e extermínio.

No último dia 26 a Justiça italiana confirmou a prisão perpétua Astiz pelo desaparecimento e morte de três cidadãos ítalianos: Angela Maria Aietta de Gullo – mãe do deputado peronista Juan Carlos Dante Gullo -, o empresário Giovanni Pegoraro e sua filha Susanna, grávida no momento do seqüestro na Esma.

Os três residiam na Argentina quando foram vítimas de Terrorismo de Estado que deixou 30 mil pessoas desaparecidas no país – 5 mil somente no Esma – , segundo dados das organizações de Direitos Humanas.

A Corte de Cassação destacou que Astiz era o encarregado da custodia, do tratamento e da eliminação dos detidos e que estava pessoalmente envolvido nos chamados "voos da morte", programados semanalmente, segundo o próprio repressor disse a uma seqüestrada, Maria Alicia Milia.

A essa Mulher, Astiz explicou que o sistema dos "voos da morte" eram usado "por necessidade de desocupar" as repletas dependências da Esma destinadas aos desaparecidos.

Os "voos da morte" transportavam em aviões os seqüestrados, vivos e sedados com uma injeção de pentotal, até serem arremessados ao mar.

Cerca de 20% das pessoas seqüestradas na Esma consideradas "não recuperáveis para obedecer ao regime ditatorial" foram assassinadas desse modo.

Durante seu seqüestro, Susanna Pegoraro deu à luz uma criança, que logo foi entregue a um repressor. Após décadas de busca, as Avós da Praça de Maio a localizaram na mesma cidade em que vivia sua família biológica.

Os tribunais de Roma julgaram Astiz à revelia, do mesmo modo como foram processados e condenados também a cadeia perpétua, em outro julgamento, os ex-generais argentinos Santiago Omar Riveros e Guillermo Carlos Suárez Mason.

No próximo dia 26 de março a justiça italiana irá decidir o envio para julgamento do ex-almirante Emilio Eduardo Massera, que foi membro da junta militar que tomou o poder em 1976 e chefe máximo da Esma.

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