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Italianas se organizam contra a política

"Se não for agora… quando será?" é o slogan de um movimento feminino lançado neste último fim de semana em Siena para lutar pelos direitos das mulheres na política italiana.

"O impulso virá depois de um trabalho para a abertura a todas as mulheres da sociedade das associações que até agora, sem nenhum contato e trabalhando separadamente, tentaram responder ao desejo das mulheres de transformar a sociedade", disse perante 2 mil pessoas Serena Sapegno, professora universitária de literatura na Universidade de La Sapienza.

Elas olham a política com desconfiança e não querem a proteção dos partidos, mas querem ser ouvidas. Esse é o "perfil" do novo movimento nascido em um clima de festa no fim de semana (dias 9 e 10) em Siena, centro do país. 

Mais de 2 mil pessoas, representando associações e comitês, vieram de toda a Itália para defender o slogan "Se não for agora… quando?" que em 13 de fevereiro passado levou para as ruas um milhão de pessoas.

"Nossa agenda – disse Cristina Comencini, uma das líderes do grupo junto com sua irmã Francesca -, terá como foco a política italiana. Eles não podem fingir que não percebem. Queremos as mulheres no centro da política. Trata-se de um movimento que fez um pacto geracional: façamos política, nos voltamos para a política para expandir os horizontes, falando sobre cultura".

Os objetivos do grupo não se baseiam só no antiberlusconismo. Trata-se da abertura de uma frente ampla transversal do modo de fazer política, pensando nas mulheres e em parar de excluí-las.

A indignação com o "caso Ruby" (as festas sexuais nas residências do premier Silvio Berlusconi) ajudou a colocar por cima do tapete aquele desconforto que se escondia há muito tempo debaixo dele.

"A questão da dignidade ofendida das mulheres não era um problema de decência moral, explica a cineasta Francesca Comencini – mas era um véu que impedia as mulheres de serem consideradas cidadãs de seu próprio país".

No entanto, no movimento não há só mulheres comuns, que nunca participaram ativamente da política italiana.

Rosy Bindi, presidente do Partido Democrata (PD), o maior da oposição, acredita nestes "novos ventos" que sopram no mundo feminino e por isso anuncia que pedirá ao seu partido para que se deixe "atravessar" pelo movimento, o que levanta dúvidas e algumas vaias de seus colegas. "Se sou vaiada é porque não entenderam. Não há nenhuma intenção de se apropriar desse movimento, porque não é nosso", explicou.

O movimento tem uma agenda ampla que inclui da economia ao estado social, do trabalho à insegurança, passando pela desigualdade e pelo resgate do corpo feminino.

No debate as redes sociais foram o tema central porque no Twitter e no Facebook milhares de seguidoras se uniram na rede e a poetisa Elisa Davoglio disse tratar-se de uma "forma válida de fazer política, porque começa ouvindo as vozes do país".

As oradoras deste movimento recém-fundado se sucederam no palanque montado na praça de Santo Agostinho, em Siena. Um cartaz registrou melhor que ninguém o sentimento geral: "Vamos construir a greve das mulheres. Que lindo problema se conseguirmos isso". 

O encontro das massas deste fim de semana terminou com uma nova premissa: "Fazer o movimento voar muito mais alto".

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