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“Otan parece menos interessada na Europa”, diz Draghi

O primeiro-ministro da Itália, Mario Draghi, insinuou que a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) está “menos interessada” na Europa do que em outros membros da aliança.

A declaração chega em meio à crescente tensão dentro da Otan por causa do acordo anti-China entre Estados Unidos, Reino Unido e Austrália, cujo efeito colateral imediato foi dar impulso ao projeto de se criar um sistema de defesa comum na União Europeia.

O chamado “Aukus” foi negociado em segredo pelas três partes e levou a Austrália a cancelar um acordo bilionário para a compra de submarinos da França, já que o pais oceânico agora poderá usar tecnologia americana para fabricar submarinos de propulsão nuclear.

“A retirada do Afeganistão, do modo como foi decidida, comunicada e executada, e a mudança de intenções sobre o contrato entre Austrália e França para o fornecimento de submarinos são duas mensagens muito fortes que nos dizem que a Otan parece menos interessada, do ponto de vista geopolítico, na Europa e nas zonas de interesse da Europa”, declarou Draghi após uma cúpula de líderes europeus em Brdo, Eslovênia.

Tanto os EUA quanto o Reino Unido são membros da Otan, assim como praticamente todos os países da UE, enquanto a Austrália é parceira global da aliança.

O secretário-geral da organização, Jens Stoltenberg, ainda deu combustível à crise ao afirmar, que um sistema europeu de defesa poderia “dividir e enfraquecer” a aliança atlântica.

O projeto de unificar as defesas na UE para depender menos dos Estados Unidos é bancado pelo presidente da França, Emmanuel Macron, mas também conta com apoio da Itália.

“Uma primeira reflexão é sobre o que a UE e seus membros podem fazer para contribuir na tomada de decisões na Otan. Seu papel, sobretudo recentemente, parece já marginal”, declarou Draghi.

“Não acredito que tudo que nasça fora da Otan a enfraqueça. Esse problema nasce do fato de que muitos, se não todos os países, têm a sensação de ter perdido centralidade geopolítica dentro da Otan. Algo complementar à Otan a reforçaria”, acrescentou o premiê.

Já a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou que um sistema de defesa comum serviria para agir “onde a Otan não está”. “Trata-se de melhorar nossas capacidades, reforçar nossa base industrial e adaptar nossas capacidades às novas ameaças”, explicou.

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