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Presidente sírio culpa Europa por “crise imigratória”

O presidente da Síria, Bashar al-Assad, afirmou que os europeus são os responsáveis pela imensa quantidade de deslocados que estão recebendo de seu país e de nações vizinhas.

Para o mandatário, isso é reflexo da postura europeia de "ter apoiado e continuar apoiando o terrorismo". "A Europa os chama de terroristas 'moderados' e os divide em grupos. Mas, todos os são extremistas", declarou ressaltando que o "terrorismo é um escorpião: se você o coloca no bolso, ele vai certamente te atingir".

Assad falou que "se esses países mudarem sua postura política", o governo de Damasco "jamais vai se opor à cooperação com as condições de que seja uma coalizão antiterrorismo real e não ilusória".

As afirmações se referem à coalizão internacional, liderada pelos Estados Unidos, e que realiza ataques aéreos diários no Iraque, com a autorização do governo local. Alguns dos membros do grupo também fazem ações pontuais na Síria, para tentar derrotar o Estado Islâmico (EI, ex-Isis), mas essas são realizadas sem que o governo autorize.

Além disso, a Síria está em guerra civil há quatro anos e meio, com a participação de vários grupos extremistas, o que provoca uma fuga em massa dos seus cidadãos. São quatro milhões de sírios que deixaram o país e foram buscar moradia no exterior, sendo que 95% deles se abrigam em Estados vizinhos, como a Turquia, Líbano, Irã e Jordânia. O restante deles parte para a Europa ou para outras nações mais distantes.

O controverso presidente sírio ainda aproveitou a entrevista para criticar a postura do Ocidente e da Turquia no conflito. "A cooperação entre o Ocidente e o [grupo] Jabhat al-Nusra é um fato dado. Todos nós sabemos que o Jabhat al-Nusra e o EI recebem armas, dinheiro e voluntários da Turquia, que mantém relações estreitas com o Ocidente", disse Assad.

O líder sírio elogiou ainda a postura da Rússia e do Irã, que apoiam seu governo, mas disse que os "meios de comunicação ocidentais" estão inventando informações sobre qual é a real ajuda desses países. Assad destacou que seu Exército não recebe unidades militares deles, mas sim "troca de especialistas militares".

A afirmação do presidente se justifica porque os países do Ocidente estão acusando a Rússia de entrar no conflito e assim piorar a situação. Os russos, por sua vez, negam que estejam enviando unidades inteiras ou que estejam construindo bases militares na Síria e que estão apenas fornecendo equipamentos bélicos.

– Manutenção do poder: Bashar al-Assad ainda falou sobre a falta de apoio que tem na comunidade internacional e disse que o povo sírio é soberano para decidir quem deve ficar no poder.

"Assumi o poder com o consenso do povo, através de eleições, e se deixa um governo sob um pedido do povo e não por decisão dos Estados Unidos, do Conselho de Segurança das Nações Unidas ou pela Conferência de Genebra. Se o povo quer que o presidente permaneça, ele permanece, se não quiser, ele deve se renunciar imediatamente", destacou. O mandatário também acusou o Ocidente de fazer uma campanha contra ele desde "o início do meu mandato", como "se todos os problemas sírios fossem causados por mim". Tanto os Estados Unidos como os países da União Europeia não apoiam Assad porque o acusam de atacar contra civis e contra seus adversários políticos. Diversos relatórios de ONGs e da própria ONU mostram que o governo de Damasco realizou vários ataques com bombas químicas em regiões do país, especialmente, em bairros da capital.

– Ataques da França e da Austrália: O ministro francês da Defesa, Jean-Yves Le Drian, anunciou nesta quarta-feira que seu país começará a fazer ataques aéreos contra pontos-chave do Estado Islâmico na Síria "nas próximas semanas".

Até o momento, os franceses realizavam as ações apenas em território iraquiano, ao lado dos outros países da coalizão internacional. Já a "BBC" afirmou que a Austrália realizou na segunda-feira (14) seus três primeiros e únicos ataques aéreos no país de Assad. Segundo as informações obtidas pela emissora, eles destruíram um veículo de guerra do EI e um depósito de armazenamento de petróleo bruto.

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