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Caridade é “dom de si aos demais”, não filantropia, afirma Papa

O Papa Bento XVI recebeu em audiência os participantes da 19ª Assembleia Geral da Cáritas Internacional na Sala Clementina do Palácio Apostólico Vaticano.

"Para nós, os cristãos, Deus mesmo é a fonte da caridade, e a caridade deve-se entender não somente como uma filantropia genérica, mas como dom de si, inclusive até o sacrifício da própria vida em favor dos demais, imitando o exemplo de Cristo. A Igreja prolonga no tempo e no espaço a missão salvadora de Cristo: quer chegar a todo ser humano, movida pelo desejo de que cada pessoa chegue a conhecer que nada pode separá-la do amor de Cristo", enfatizou.

O encontro acontece no marco dos 60 anos da criação do organismo que busca favorecer a comunhão entre a Igreja universal e as Igrejas particulares, bem como a comunhão entre todos os fiéis no exercício da caridade.

"Somente sobre as bases de um compromisso cotidiano de acolher e viver plenamente o amor de Deus pode-se promover a dignidade de cada ser humano. […] Cada católico, na verdade cada homem, está chamado a atuar com consciência purificada e com coração generoso para promover de maneira decidida aqueles valores definidos continuamente como "não negociáveis", asinalou.

Bento XVI recordou que Pio XII quis mostrar a solidariedade e a preocupação de toda a Igreja diante de tantas situações de conflito e emergência após os horrores e devastações da Segunda Guerra Mundial, criando assim a Cáritas Internacional. Mais tarde, o Beato João Paulo II fortaleceu os vínculos entre as diferentes agências nacionais da Caritas, e entre essas e a Santa Sé, outorgando à Caritas Internationalis a personalidade jurídica canônica pública.

"Como consequência disso, Caritas Internationalis adquiriu um papel particular no coração da comunidade eclesial, e foi chamada a compartilhar, em colaboração com a hierarquia eclesiástica, da missão da Igreja de manifestar, através da caridade vivida, esse amor que é Deus mesmo. Desse modo, Caritas Internationalis, dentro da finalidade própria que tem assinalada, executa em nome da Igreja uma tarefa específica em favor do bem comum".

Nesse sentido, a Santa Sé tem o dever de acompanhar a atividade da Cáritas e de vigiar para que suas ações estejam em plena sintonia com a Sé Apostólica e com o Magistério da Igreja. "Essa identidade distintiva é a força da Caritas Internationalis, e é o que faz a sua atividade particularmente eficaz. […] Sem um fundamento transcendente, sem una referência a Deus criador, sem a consideração de nosso destino terreno, corremos o risco de cair nas mãos de ideologias daninhas", afirmou.

A Cáritas é distinta de outras agências sociais porque é um organismo eclesial, que compartilha a missão da Igreja. O Papa indicou que o organismo está chamado a oferecer sua própria contribuição para levar a mensagem da Igreja à vida política e social no plano internacional.

Nesse sentido, deve-se observar que a Cáritas está constituída fundamentalmente por várias Caritas nacionais, e todas são um auxílio privilegiado para os bispos em seu exercício da caridade.

"Isso comporta uma especial responsabilidade eclesial: a de deixar-se guiar pelos Pastores da Igreja. [A Cáritas] está chamada, portanto, a trabalhar para converter os corações a uma maior abertura aos demais, para que cada um, em pleno respeito de sua própria liberdade e no pleno assumir das próprias responsabilidades pessoais, possa agir sempre e em todas as partes em favor do bem comum, oferecendo generosamente o melhor de si mesmo ao serviço dos irmãos e irmãs, em particular os mais necessitados", encerrou.

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