O presidente da Câmara dos Deputados da Itália, Gianfranco Fini, afirmou que deixará o posto se o seu cunhado for confirmado como dono de um apartamento em Monte Carlo, denúncia retomada nos últimos dias e que têm esquentado o debate político no país.
Em uma mensagem divulgada neste sábado, Fini disse que nem "sabia que a casa da AN [Aliança Nacional, sua extinta agremiação] havia sido alugada a Giancarlo Tulliani [irmão de sua companheira]".
"A Procuradoria de Roma abriu uma investigação e eu aguardo com confiança o resultado", continuou Fini, que enfrenta o seu ex-aliado e premier do país, Silvio Berlusconi, após o racha do Povo da Liberdade (PDL), que foi formado pelos dois políticos em 2009.
Em todo o caso, a questão relativa ao imóvel "não constitui nenhum crime, nenhum esbanjamento do dinheiro público, nenhuma comissão ilegal. Não houve nem corrupção e nem concussão", esclareceu o parlamentar, referindo-se ao aluguel em nome do parente.
Porém, de acordo com denúncias reveladas em agosto passado — quando estourou a crise entre Berlusconi e Fini –, a venda do bem teria sido realizada por meio de supostas ilegalidades.
A acusação sustenta que a propriedade foi adquirida pelo cunhado de Fini por meio de uma sociedade "off shore".
A habitação era uma herança da Aliança Nacional e foi vendida em 2008 por cerca de 300 mil euros — quantia bem abaixo da tabela. Logo depois, Tulliani o alugou.
A investigação, ainda em andamento, volta à tona no momento em que o líder da Câmara é acusado de "trair" os eleitores do PDL por fazer oposição aos projetos apresentados pelo governo.
Desde o rompimento, tanto Berlusconi quanto seus aliados pedem que Fini renuncie ao posto.
Por sua vez, Fini — que sempre negou essa possibilidade — formou um novo grupo parlamentar, Futuro e Liberdade para a Itália (FLI), levando consigo parte dos senadores e deputados do PDL, o que, consequentemente, pode diminuir o respaldo aos governistas.