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Ex-terrorista italiano comparsa de Battisti se entrega na França

Dois dos três ex-terroristas italianos de extrema esquerda foragidos na França se entregaram à polícia de Paris, incluindo Luigi Bergamin, comparsa de Cesare Battisti em um homicídio ocorrido nos anos 1970.

Fundador do grupo Proletários Armados pelo Comunismo (PAC), Bergamin se apresentou com seu advogado ao Palácio de Justiça da capital francesa e sofrerá um processo de extradição movido pela Itália, onde ele deve descontar 16 anos e 11 meses de prisão.

Bergamin é considerado o mandante do assassinato do marechal da polícia penitenciária Antonio Santoro, morto por Battisti e uma cúmplice em 6 de junho de 1978, em Údine. Segundo a Justiça italiana, os dois autores materiais do homicídio trocaram falsas carícias até o momento do atentado – o PAC acusava o marechal de “perseguir presos políticos”.

Além disso, Bergamin teve envolvimento no homicídio do açougueiro Lino Sabbadin, assassinado pelo grupo comunista por ter sido militante do neofascista Movimento Social Italiano (MSI) e por ter matado um ladrão em uma tentativa de assalto.

A condenação contra Bergamin teria prescrito em 8 de abril, mas uma juíza de Milão interrompeu a contagem do prazo pelo fato de o ex-terrorista ser um “delinquente habitual”. “É uma boa notícia, se ele se entregou quer dizer que ele entendeu, é uma admissão. Agora poderá descontar as próprias culpas”, disse Adriano Sabbadin, filho de Lino Sabbadin.

O outro ex-terrorista que se entregou à polícia da França é Raffaele Ventura, condenado a 22 anos de prisão pelo homicídio do vice-brigadeiro Antonino Custra, ocorrido em maio de 1977.

Sombras vermelhas

Tanto Ventura quanto Bergamin são alvos da operação “Sombras Vermelhas”, que prendeu outros sete ex terroristas de extrema esquerda a pedido do governo da Itália.

Dos nove detidos, quatro deles foram condenados à prisão perpétua por atentados cometidos nos anos 1970 e 1980: Roberta Cappelli, Marina Petrella, Sergio Tornaghi e Narciso Manenti.

Os três primeiros pertenciam às Brigadas Vermelhas, guerrilha comunista que sequestrou e executou o ex premiê Aldo Moro em 1978, enquanto o quarto é ex-integrante dos Núcleos Armados do Contrapoder Territorial.

Os outros três detidos, além de Ventura e Bergamin, são Giovanni Alimonti (11 anos, seis meses e nove dias de prisão), Enzo Calvitti (18 anos, sete meses e 25 dias) e Giorgio Pietrostefani (14 anos, dois meses e 11 dias), Maurizio Di Marzio, sentenciado a 15 anos de reclusão por diversos crimes, incluindo a tentativa de homicídio contra o policial Nicola Simone, é o único foragido até o momento.

As prisões marcam uma histórica mudança de postura por parte da França, que desde os mandatos de François Mitterrand (1981-1995) dava asilo a militantes de esquerda que participaram da luta armada nos “Anos de Chumbo” na Itália, desde que eles tivessem renunciado à violência.

“O presidente Emmanuel Macron quis resolver esse problema, como a Itália pedia havia anos. A França, também atingida pelo terrorismo, compreende em absoluto a necessidade de se fazer justiça pelas vítimas”, diz um comunicado divulgado pelo Palácio do Eliseu.

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