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Governo Italiano anuncia pacote de austeridade de 30 bilhões de euros no orçamento

A Itália adota drásticas medidas de emergência e inaugura uma semana crítica para salvar o euro na Europa. Depois de dois anos de conflitos e queda de governos, os líderes europeus iniciam uma maratona de reuniões e de medidas para tentar garantir a estabilidade do continente e superar a crise que já contamina a economia mundial, incluindo Estados Unidos, Brasil e China. O primeiro-ministro italiano, Mario Monti, quem deu o pontapé inicial, anunciando até mesmo que estava abrindo mão de seu salário de chefe de governo.

Monti, ex-funcionário do Goldman Sachs e ex-alto representante da UE, estava sendo pressionado por Bruxelas e pelo mercado para anunciar o que faria para restabelecer a confiança dos investidores sobre a terceira maior economia do bloco. Decidiu antecipar uma reunião de gabinete e aprovou ajustes de 30 bilhões no orçamento – a meta é equilibrar as contas já em 2013.

'Meu governo foi criado como um mandato curto, mas um objetivo dramático', disse Monti, definindo esse objetivo como a 'salvação' da Itália.

As medidas de emergência foram adotadas com o primeiro-ministro apelando aos italianos para 'fazerem sacrifícios'. Os detalhes do pacote serão divulgados hoje ao Parlamento. Mas incluem a elevação do imposto ao consumo, aumento da taxa sobre imóveis, impostos sobre cartões de crédito, além de cortes importantes no setor de saúde e em diversas áreas da administração pública.

Para demonstrar que o momento é de austeridade, Monti elevou impostos na compra de iates e de carros de luxo. Parte dos impostos recriados havia sido abolida pelo governo de Silvio Berlusconi.

Monti foi colocado no posto de chefe de governo depois que Berlusconi foi empurrado para fora por pressões domésticas e da Europa por não conseguir fazer aprovar medidas de austeridade. Em Roma, aliados de Berlusconi acusam o presidente francês, Nicolas Sarkozy, e a chanceler alemã, Angela Merkel, de terem 'demitido' o italiano e terem colocado no poder Monti, um ex-comissário europeu.

'Direção errada'. A pressão contra Monti começou ontem mesmo. O principal sindicato do país, a Confederação Italiana de Sindicatos de Trabalhadores, alertou que o governo estava indo na 'direção errada'. O primeiro-ministro italiano se reuniu com todos os partidos e sindicatos e fez questão de advertir que as medidas eram também destinadas a 'despertar a economia italiana'.

'Esse pacote tem como meta salvar a Itália. Temos entre as alternativas, esses sacrifícios ou um Estado quebrado e o euro destruído talvez pela infâmia da Itália', declarou Monti, garantindo que havia adotado princípios de justiça na aplicação dos cortes. O governo teria mesclado cortes com incentivos para tentar evitar uma recessão.

Mas seu recado é especialmente direcionado ao mercado. Com uma dívida de 1,9 trilhão, a Itália precisa encontrar recursos no valor de 200 bilhões até o início de 2012 para rolar sua dívida. O problema é que, pagando taxas de juros recorde, Roma pode acabar sendo cortada do mercado de créditos e fazendo a zona do euro mergulhar em sérios problemas.

Entre políticos e membros do setor privado, os apelos eram para que acordos fossem fechados nos próximos dias. 'Esta semana, a estabilidade futura do euro e da Europa está em jogo', disse ontem o comissário de Economia da UE, Olli Rehn. 'Se não tivermos uma resposta (para a crise), será o fim da UE', disse o primeiro-ministro português, Pedro Passos, em declarações ao jornal Público.

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