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Itália renova cooperação com Guarda Costeira da Líbia

A Câmara dos Deputados da Itália aprovou uma resolução da maioria que autoriza missões militares no exterior, incluindo uma controversa colaboração com a assim chamada Guarda Costeira da Líbia.

O texto-base recebeu 438 votos a favor, três contrários e duas abstenções, mas o artigo relativo ao país africano teve placar de 361 a 54, além de 22 abstenções.

Durante a votação, a Câmara ainda rejeitou uma resolução de parlamentares de esquerda que não dava autorização para renovar a cooperação com a Líbia, por 376 a 40, além de 21 abstenções.

A resolução final apenas compromete o governo a “verificar a possibilidade de superar” a colaboração com a Guarda Costeira líbia e de transferir essa parceria para a União Europeia.

O texto contou com amplo apoio na coalizão de união nacional que sustenta o premiê Mario Draghi, mas provocou descontentamento no Partido Democrático (PD), principal força de centroesquerda na Itália e no governo.

“A Câmara decidiu confirmar a colaboração com a Guarda Costeira líbia. Mais uma vez poucos votamos contra, muito poucos. Mais uma vez uma escolha horrível, um dia horrível”, disse o deputado do PD Matteo Orfini.

Já o ministro da Defesa, Lorenzo Guerini, também do PD, afirmou estar “muito satisfeito” com a aprovação da resolução. “Um consenso tão amplo e transversal significa que há apoio à estratégia do governo para a tutela dos interesses nacionais de segurança”, declarou.

A Guarda Costeira da Líbia foi oficialmente formada em 2017, com financiamento e treinamento da Itália, que assim conseguiu reduzir drasticamente o número de migrantes forçados que chegam ao seu litoral.

No entanto, ONGs e agências humanitárias dizem que a corporação é comandada pelas mesmas milícias que protagonizaram uma longa guerra civil no país africano nos últimos anos.

Entre outras coisas, a Guarda Costeira líbia é acusada de atirar contra barcos de migrantes e refugiados e de prender pessoas resgatadas no Mediterrâneo em campos de concentração.

Também há relatos de deslocados internacionais da África Subsaariana vendidos como escravos nesses locais.
Em julho de 2019, um bombardeio contra uma dessas prisões em Trípoli deixou mais de 40 pessoas mortas.

Além disso, o próprio governo italiano e a ONU já reconheceram que a Líbia não é um porto seguro para migrantes e refugiados.

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